O romance mais amado da literatura e do cinema, na Netflix Divulgação / Focus Features

O romance mais amado da literatura e do cinema, na Netflix

Jane Austen (1775-1817) é uma figura singular na literatura mundial, especialmente na representação das complexidades do amor e das nuances sociais de sua época. Embora sua genialidade tenha sido amplamente reconhecida apenas após sua morte em 18 de julho de 1817, vítima da doença de Addison, suas obras continuam a ser aclamadas por sua perspicácia e profundidade. “Orgulho e Preconceito”, publicado em 1813, é um exemplo claro do brilhantismo de Austen. O romance não só destaca a luta das mulheres por um espaço próprio na sociedade, mas também é um reflexo dos anseios de Austen por justiça e igualdade.

Neste clássico da literatura britânica, a protagonista Elizabeth Bennet é uma anti-heroína que se recusa a comprometer sua liberdade, sanidade e honra por convenções sociais ou amores insensatos. Elizabeth representa a força e a determinação de uma mulher que não aceita menos do que merece, uma qualidade que ressoa profundamente com as próprias convicções de Austen.

A adaptação cinematográfica de Joe Wright captura magistralmente essa essência. O filme começa com uma paisagem serena em Netherfield Hall, onde Elizabeth, interpretada por Keira Knightley, é apresentada com um livro na mão, caminhando em meio à tranquilidade rural. A atmosfera criada por Wright e a fotografia de Roman Osin transportam o público para um universo quase paralelo, onde a paz e a beleza coexistem com a tensão social e emocional.

A narrativa do filme segue de perto a dinâmica da família Bennet, especialmente as interações entre Elizabeth e o misterioso Sr. Darcy. Wright consegue transmitir a complexidade das emoções e a evolução dos personagens de uma maneira que honra o texto original de Austen. O baile oferecido por Charles Bingley, um aristocrata atraente, é um ponto de virada na história, onde as irmãs Bennet esperam encontrar uma saída para suas dificuldades financeiras através do casamento.

Elizabeth, no entanto, se destaca por sua independência e relutância em aceitar um casamento sem amor verdadeiro. O encontro com Darcy, interpretado por Michael Macfadyen, é um momento crucial. Inicialmente, há uma aparente aversão entre os dois, que na verdade oculta uma paixão crescente. Wright explora essa tensão com habilidade, mostrando como Elizabeth e Darcy, apesar de suas diferenças, compartilham uma visão comum de honra e amor.

O desenvolvimento do relacionamento entre Elizabeth e Darcy é um testemunho da crença de Austen no amor verdadeiro. Através de obstáculos e mal-entendidos, eles encontram um caminho para se entender e se respeitar, culminando em uma união que transcende as expectativas sociais e pessoais. Essa jornada é o cerne da magia de “Orgulho e Preconceito”, tanto no livro quanto no filme.

Wright consegue equilibrar o drama e o romance, mantendo a integridade dos personagens de Austen. Ele destaca a importância da empatia e da compreensão mútua, elementos essenciais para qualquer relacionamento bem-sucedido. Darcy e Elizabeth não apenas conquistam o amor um do outro, mas também ganham uma compreensão mais profunda de si mesmos e dos outros.

A adaptabilidade das obras de Austen para diferentes mídias e épocas é uma prova de sua genialidade. “Orgulho e Preconceito”, na Netflix, continua a inspirar e ressoar com públicos de todas as idades, mostrando que as questões de amor, honra e independência são atemporais. Austen, através de seus personagens inesquecíveis e narrativas envolventes, deixou um legado duradouro que continua a influenciar e encantar gerações.


Filme: Orgulho e Preconceito
Direção: Joe Wright
Ano: 2005
Gêneros: Romance/Drama
Nota: 9/10