Baseado em um livro de autor que vendeu 150 milhões de exemplares, o romance avassalador na Netflix vai causar arrepios Dana Hawley / Lionsgate

Baseado em um livro de autor que vendeu 150 milhões de exemplares, o romance avassalador na Netflix vai causar arrepios

Amor e morte frequentemente caminham juntos, especialmente na ficção. Poucos consideram que, um dia, tudo chega ao fim — não apenas o amor, mas a própria vida —, e menos ainda quando estão apaixonados. A paixão, esse processo indescritível e mágico de se apaixonar, o simples romance, ou até mesmo a mera ilusão do amor, a quimera de encontrar alguém que corresponda à nossa ideia de amar e ser amado, são elementos que compõem boas histórias de amor.

Essas histórias podem começar de forma feliz e harmoniosa, apenas para decair lentamente até que não reste nada do fogo inicial. Ou, inversamente, podem brotar timidamente, como a erva no campo, crescer e ganhar força inesperada, superando até as maiores adversidades e o próprio tempo. Desafortunado é aquele que perde tempo tentando compreender os desígnios do amor e da vida; essa busca é uma luta sem vencedores ou vencidos, sem glória ou fracasso, apenas com as coisas como devem ser, ou o que chamamos de destino.

Esses temas são explorados em “A Escolha” (2016). O diretor Ross Katz utiliza o melodrama para contar a história de um amor que, inicialmente feliz, deixa um rastro de destruição — embora moderada — ao seguir sua própria natureza, indiferente aos sonhos que destrói. Inspirado em “Uma Escolha por Amor” (2007), um dos best-sellers de Nicholas Sparks, o filme não se desvia muito do enredo açucarado característico do autor, embora o roteiro de Bryan Sipe tente polir algumas arestas.

Os fãs de Sparks apreciarão, mas o público em geral pode encontrar lacunas na trama, como uma Carolina do Sul que mais parece Ibiza ou a Riviera Francesa. Porém, ninguém espera encontrar a profundidade de Machado de Assis ou Dostoiévski nos textos de Sparks, nem busca a complexidade de De Sica ou Bergman em “A Escolha”. A repetição do título ao longo do filme é um dos pontos irritantes, possivelmente uma exigência de Sparks, um dos produtores.

Travis, interpretado por Benjamin Walker, aparece inicialmente em um iate cheio de belas mulheres e amigos, cenário destacado pela fotografia de Alar Kivilo. Seu personagem vive a vida intensamente, frequentando festas, flertando com mulheres e mantendo sua carreira de veterinário. A travessura de seu cachorro Moby leva Travis a conhecer Gabby, sua vizinha de verão. A personagem de Teresa Palmer resiste inicialmente, mas eles acabam se entendendo. A direção de Katz sugere um casamento iminente, mas obstáculos (principalmente por parte dela) atrasam os planos de Travis. Uma mulher empoderada, Gabby não cede facilmente.

Um evento trágico envolvendo Gabby, que eventualmente se casa com Travis, marca a grande virada de “A Escolha”. No entanto, as subtramas são mais estimulantes. Tom Wilkinson, como o doutor Shep, chefe da clínica veterinária onde Travis trabalha, e Tom Welling, como Ryan, o noivo preterido, trazem muito mais interesse ao enredo. Como repetido várias vezes no filme, a vida é feita de escolhas, e às vezes elas são mais fáceis do que parecem.


Filme: A Escolha  
Direção: Ross Katz
Ano: 2016
Gêneros: Romance/Drama
Nota: 7/10