Drama emocionante com Christopher Walken e Christina Ricci baseado em história real, na Netflix, prova que o bem sempre vence PVM Productions / Mongrel Media

Drama emocionante com Christopher Walken e Christina Ricci baseado em história real, na Netflix, prova que o bem sempre vence

Não há uma fórmula exata para definir a qualidade de um filme. Uma boa história pode ser transformada em um roteiro excelente, que, ao ser adaptado de forma eficaz para a linguagem visual, resulta em cenas que marcam a vida de uma geração de espectadores e se instalam na memória coletiva de maneira duradoura. Para que isso aconteça, é essencial que a equipe esteja em sintonia, transmitindo essa harmonia tanto em frente às câmeras quanto nos bastidores.

Atores dependem de roteiristas, que por sua vez dependem de diretores, que necessitam do trabalho dos operadores de câmera, completando assim uma cadeia colaborativa. Alcançar esse equilíbrio não é simples, pois envolve muitas camadas de complexidade.

Contudo, uma vez encontrado o caminho certo para se obter um conjunto coeso, onde cada elemento recebe o devido destaque no momento certo, uma luz se acende para todos os envolvidos na produção e para aqueles que apreciam o filme como uma obra de arte. Uma obra de arte que, além de celebrar a beleza da vida, muitas vezes incita reflexões profundas. Esse é o estado de graça da arte, tão próximo da perfeição que qualquer análise deve ser feita com extremo cuidado.

Christopher Walken talvez tenha recebido a maior oportunidade de sua carreira com o filme “Uma Voz Contra o Poder” (2021). De aparência despretensiosa e simples, o filme dirigido por Clark Johnson deu a Walken a chance de brilhar novamente, explorando diferentes aspectos de seu talento excepcional e reacendendo o merecido interesse por sua carreira. Não que papéis dramaticamente intensos, como o de “O Rei de Nova York” (1990), dirigido por Abel Ferrara, não tenham lhe aberto portas na indústria e cativado o público.

O questionamento é por que atores de seu calibre permanecem subutilizados por tanto tempo. Interpretando um homem simples, um papel desafiador para alguém de sua sofisticação, Walken oferece uma aula de atuação, ajustando magistralmente a frieza de seu personagem às situações que fervem e ameaçam se transformar em conflito a qualquer momento.

O Percy Schmeiser interpretado por Walken é um agricultor humilde de Manitoba, no Canadá, que se vê envolvido em uma situação complicada. De um dia para o outro, Schmeiser, proprietário de uma fazenda de cultivo de canola, é levado ao centro de uma tempestade ao ser acusado de usar sementes geneticamente modificadas em suas terras sem a permissão da Monsanto, a multinacional agrícola que detém os direitos sobre essas sementes.

As sementes germinaram normalmente, sem que Schmeiser, um homem com conhecimento prático adquirido de gerações anteriores, soubesse que eram fruto de milhões de dólares em pesquisa. Baseado em eventos reais de 1998, o filme segue a saga de Schmeiser para provar sua inocência enquanto a Monsanto o ataca sob a alegação de imoralidade de sua conduta.

O agricultor alega que apenas uma pequena parte da colheita foi plantada com as sementes da Monsanto, enquanto a empresa afirma que 60% da colheita, que era resistente a uma praga, pertencia a eles. A Monsanto exige US$ 150.000 em danos, e apesar do aviso de seu advogado, Jackson Weaver (Zach Braff), de que o processo poderia durar anos e ser difícil de vencer, Schmeiser decide lutar até o fim.

Ao longo do filme, o roteiro de Garfield Lindsay Miller e Hilary Pryor dá espaço para outros personagens coadjuvantes que enriquecem a trama, como Roberta Maxwell no papel de Louise, a esposa de Schmeiser e a grande heroína da história, e Christina Ricci como Rebecca Salcau, uma ativista idealista.

A crítica mais severa ao filme é a representação de Schmeiser como um agricultor pobre, quando na realidade ele possuía uma fazenda, um posto de gasolina e uma loja de equipamentos agrícolas. Essa distorção dos fatos é um ponto de manipulação significativo. Apesar disso, a trilha sonora, embora bela e genuinamente folk, às vezes parece inadequada para as cenas mais sérias. No entanto, o desfecho do filme é convincente, graças à direção de Clark Johnson e à atuação impecável de Christopher Walken.


Filme: Uma Voz Contra o Poder
Direção:
 Clark Johnson
Ano: 2020
Gênero: Drama
Nota: 8/10