Ficção científica com Jennifer Lopez, na Netfix, já foi visto por mais de 28 milhões de pessoas Divulgação / Netflix

Ficção científica com Jennifer Lopez, na Netfix, já foi visto por mais de 28 milhões de pessoas

Em “Atlas”, a narrativa explora as complexidades da interação entre humanos e inteligência artificial, centrando-se na jornada de uma cientista, interpretada por Jennifer Lopez, obcecada por criar robôs e desenvolver programas que identificam formas de vida e habitats propícios à colonização extraterrestre. A trama remete a diversas obras de ficção científica das últimas décadas, mas traz uma personalidade própria sob a direção de Brad Peyton.

O diretor claramente se inspira em clássicos como “O Exterminador do Futuro” (1984), onde um ciborgue viaja no tempo para eliminar um futuro salvador da humanidade. Em “Atlas”, a história se desenrola com dois cérebros eletrônicos, Smith e Harlan, com missões opostas, e a heroína Atlas Shepherd, que empresta seu nome ao título. Lopez entrega uma performance que oscila entre uma cientista determinada a alcançar o auge de sua carreira e uma mulher atormentada pelo monstro que ajudou a criar. Os roteiristas Aron Eli Coleite e Leo Sardarian reforçam as alusões ao trabalho de James Cameron, também canadense como Peyton, ao apresentar máquinas que adotam posturas éticas ou abomináveis, conforme suas conveniências.

A inteligência artificial, conforme previsto, torna-se uma ameaça à humanidade. O filme sugere que não demorará muito para que robôs, softwares e dispositivos de toda espécie se tornem adversários implacáveis, emulando os piores instintos humanos acumulados ao longo de mais de 140 mil anos de história. A trama coloca em perspectiva a relação entre criadores e criaturas, destacando a potencial crueldade das máquinas que absorvem os piores aspectos da humanidade.

No universo cada vez mais acelerado dos dispositivos móveis, 28 anos podem representar uma diferença abissal, comparável à passagem da Era Mesozoica para uma era hipotética de carros voadores que nunca se concretizou. Os roteiristas utilizam um vilão humano, Casca Decius, interpretado por Abraham Popoola, para preparar o público para o confronto com a ameaça artificial. Decius, um gângster interplanetário, instiga a ambição de Harlan, interpretado por Simu Liu, cuja persuasiva atuação retrata um ser diabólico empenhado na destruição da vida como a conhecemos.

Brad Peyton enfatiza a guerra declarada pelos tecno sapiens, ao mesmo tempo que explora a crescente amizade entre Atlas Shepherd e Smith, um robô batizado em homenagem à franquia “Matrix” das irmãs Wachowski. Smith, dublado por Gregory James Cohan, representa o robô camarada, um contraponto às tramas mais maduras como “Ex_Machina — Instinto Artificial” (2015), de Alex Garland, que apontam os perigos inerentes à criação de inteligências artificiais para saciar necessidades humanas menos óbvias.

Assim como em “A Mãe” (2023), dirigido por Niki Caro, Lopez interpreta uma personagem que sacrifica prazeres cotidianos em nome de uma obsessão maior. Em “Atlas”, sua personagem busca dominar o universo, mas encontra dificuldades. Smith, o robô companheiro, tenta se opor às tramas mais complexas, mas a comparação com obras como “Ex_Machina” ressalta as ameaças subjacentes a essas inovações tecnológicas.

O filme de Peyton se desenrola em um cenário futurista onde a inteligência artificial não apenas desafia os limites da ciência, mas também testa os limites éticos e morais da humanidade. Ao explorar a relação entre humanos e máquinas, “Atlas”, na Netflix, provoca reflexões sobre até que ponto a tecnologia deve avançar e quais são as possíveis consequências de suas criações. Com personagens bem construídos e uma narrativa envolvente, o filme se destaca como uma reflexão sobre o papel da tecnologia em nossas vidas e os perigos de ultrapassar certos limites.


Filme: Atlas
Direção: Brad Peyton
Ano: 2024
Gêneros: Ficção científica/Drama/Ação
Nota: 7/10