Uma das melhores atuações de Kevin Costner, suspense psicológico está na Netflix Divulgação / Element Films

Uma das melhores atuações de Kevin Costner, suspense psicológico está na Netflix

Bruce A. Evans dirigiu apenas dois filmes em toda a sua carreira – “Um Tira Por Acaso” e “Instinto Secreto”. Seus trabalhos são geralmente como roteirista, tendo como maior parceiro Reynold Gideon. Ambos também foram os responsáveis pelo roteiro de “Conta Comigo”, a aventura de 1986 estrelada por River Phoenix, que rendeu à dupla uma indicação ao Oscar de Melhor Roteiro Adaptado.

Os dois também assinaram o roteiro de “Instinto Secreto”, estrelado por Kevin Costner e lançado em 2007. O thriller psicológico narra a história de um assassino em série chamado Earl Brooks (Costner), que nunca foi pego pela polícia. Seu modus operandi é matar casais e criar cenas de amor com os corpos de suas vítimas. Após anos sem cometer crimes, Earl se disfarça muito bem socialmente. Para sua família e amigos, ele é um empresário renomado, dono de uma fábrica de embalagens e uma figura respeitada.

Embora tenha vivido como uma pessoa comum por muito tempo, ele resiste aos seus impulsos, manifestados pelo alter ego Marshall (William Hurt). Casado com a bela Emma Brooks (Marg Helgenberger) e pai da estudante universitária problemática Jane (Danielle Panabaker), ele é um pai superprotetor e um marido exemplar.

Seu mundinho superficial está prestes a desmoronar graças à detetive em seu encalço, Tracy Atwood (Demi Moore), que está determinada a descobrir a identidade deste assassino em série meticuloso. Além disso, a chegada de um fotógrafo chamado Smith (Dane Cook), que sabe quem ele realmente é e ameaça chantageá-lo, também coloca em risco sua imagem cuidadosamente construída.

É interessante como o filme explora a dualidade do protagonista mostrando sua luta interna contra os desejos imorais e ilegais, uma batalha contra seu lado sombrio, mantendo um clima de constante apreensão. Assim como cada ser humano mantém diálogos dentro de sua própria mente, os de Earl são abertos ao público, como uma janela para sua psique. Mas não são apenas os confrontos internos que causam tensão no espectador. Há também as constantes ameaças de Smith e a iminência de a detetive descobri-lo.

A vida do protagonista traça paralelos e mostra que, em uma sociedade hipócrita, um homem exemplar como Earl pode ser, em sua camada mais profunda, um verdadeiro monstro. Poder, status social e aparências podem enganar aqueles que preferem enxergar apenas a superfície. Afinal, quantos políticos, empresários e homens poderosos já não se revelaram cruéis?

A fotografia, com enquadramentos que isolam os personagens, traz a sensação de conflito interno e introspecção, enquanto o uso de reflexos e espelhos reforça a dualidade do protagonista e sua natureza bifurcada.

Embora o papel de um assassino em série não tenha sido habitual na carreira de Kevin Costner, sempre acostumado com papéis de heróis e homens de honra, o personagem foi escrito por Gideon e Evans pensando no ator. A intenção sempre foi, desde o princípio, que ele o interpretasse. Apesar de “Instinto Secreto”, na Netflix, ter recebido críticas mistas, serviu para Costner mostrar sua versatilidade e plasticidade nas telas.


Filme: Instinto Secreto
Direção: Bruce A. Evans
Ano: 2007
Gênero: Drama/Policial/Mistério
Nota: 8