Prepare o coração, porque você vai desmoronar em lágrimas com o drama aclamado em Cannes que acaba de chegar à Netfix Divulgação / Entertainment One

Prepare o coração, porque você vai desmoronar em lágrimas com o drama aclamado em Cannes que acaba de chegar à Netfix

Até o ano 2000, crianças nascidas em território estrangeiro e adotadas por pais americanos não se tornavam automaticamente cidadãs dos Estados Unidos. Era necessário que os pais adotivos entrassem com um processo burocrático na Justiça para naturalizar seus filhos. Estima-se que mais de 25 mil adotados não tenham cidadania e estejam sob risco iminente de deportação. Muitos deles nasceram em outros países, mas viveram toda sua vida nos Estados Unidos, conhecendo apenas a cultura local e falando somente inglês, sem qualquer conexão com o país de origem.

Esse é o caso de Antonio LeBlanc (Justin Chon), de “Blue Bayou”, um coreano adotado aos três anos de idade e levado para os Estados Unidos, onde nunca mais reencontrou sua família biológica ou retornou à Coreia. Adotado por um casal que posteriormente desistiu de mantê-lo, ele passou de lar em lar até chegar a seu último lar com Susanne (Susan McPhail), uma mãe negligente.

Na fase adulta, Antonio tem um passado problemático, marcado pela violência, pobreza e criminalidade. Agora casado com Kathy (Alicia Vikander), ele tenta reconstruir sua vida e conseguir um trabalho honesto, mas seu passado continua a assombrá-lo. Devido a suas passagens pela polícia, Antonio enfrenta dificuldades para encontrar emprego. Como padrasto da pequena Jessie (Sidney Kowalske) e com um bebê a caminho, ele precisa fazer as coisas de maneira correta.

Contudo, o pai biológico de Jessie, o policial Ace (Mark O’Brien), que a negligenciou por muito tempo, agora quer fazer parte de sua vida. A reaproximação é complicada com Antonio no caminho. Jessie e Antonio têm um vínculo especial e se consideram pai e filha. Kathy deseja manter Ace distante, mas ele está determinado a se reconectar, mesmo que isso signifique prejudicar Antonio.

Após uma confusão entre Ace e Antonio, este último é preso, mas, para a surpresa de Kathy, ele é transferido para a imigração, que pretende deportá-lo. Sem recursos para contratar um bom advogado e sem um processo justo, as chances de Antonio permanecer nos Estados Unidos são pequenas.

Durante sua batalha judicial, Antonio cruza caminhos com Parker Nguyen (Linh-Dan Pham), uma vietnamita com câncer terminal. No pior momento de suas vidas, eles desenvolvem uma conexão baseada em identidade, passado e futuro. Enquanto Antonio não conhece seu idioma natal, não reconhece a cultura coreana como sua e não tem lembranças de seu passado, Parker o ajuda a entender que as raízes, mesmo invisíveis, são essenciais para a sobrevivência, tanto de plantas quanto de seres humanos.

Apesar de tudo, Antonio é extremamente ligado à sua família e deseja permanecer com eles, mas o sistema injusto e falho não facilita sua permanência.

A estreia de “Blue Bayou”, que está disponível na Netflix, ocorreu em Cannes, onde foi indicado ao prêmio Un Certain Regard, dedicado a filmes alternativos e independentes de cineastas menos conhecidos. As atuações de Justin Chon e Alicia Vikander foram elogiadas, embora alguns críticos tenham achado que Chon, também diretor, exagerou no melodrama. No entanto, como abordar de forma mais sutil um tema tão pesado? A história é sobre injustiça, e é exatamente dessa maneira que essa lei funciona nos Estados Unidos, oferecendo pouca ou nenhuma tolerância para aqueles que têm pouco ou nenhum conhecimento sobre a burocracia da naturalização para adotados antes do ano 2000.

Sensível, dramático e intenso, “Blue Bayou” é uma obra-prima do cinema alternativo, um drama político de grande importância.


Filme: Blue Bayou
Direção: Justin Chon
Ano: 2021
Gênero: Drama
Nota: 10