Suspense com Amy Adams, baseado em best seller com 3 milhões de cópias vendidas, está na Netflix Divulgação / Netflix

Suspense com Amy Adams, baseado em best seller com 3 milhões de cópias vendidas, está na Netflix

Durante a pandemia, muitos de nós encontramos conforto em vinho, comida delivery e, principalmente, no tempo extra para ler e assistir a filmes antigos. Este cenário nos conecta facilmente com Anna Fox, a psicóloga traumatizada interpretada por Amy Adams em “A Mulher na Janela”.

Joe Wright, ao dirigir o filme, desafia nossas expectativas de uma comédia romântica e nos leva, através da brilhante atuação de Adams, ao tormento de alguém perdido em seu próprio mundo, vivendo da observação da vida alheia. Adaptado do best-seller de A.J. Finn, o suspense de 2018, transformado em um thriller à la Hitchcock por Tracy Letts, utiliza magistralmente cada cena para envolver o espectador nos labirintos da mente perturbada de Anna. Enclausurada por sua agorafobia e delirando, Anna acredita ter testemunhado um crime do outro lado da rua, mas sua percepção da realidade é questionável.

A cinematografia de Bruno Delbonnel destaca os tons terrosos da fachada de arenito de Manhattan, refletindo o interior sombrio da casa de Anna. Frequentemente, vemos Anna à janela, observando a rua, com sua aparência desleixada e fantasmagórica. Ela fala sozinha, e esses momentos são utilizados por Wright para revelar aspectos sutis de sua personalidade assustada, mas gentil. A interação ocasional de Anna com David, seu inquilino excêntrico vivido por Wyatt Russell, e sua crescente relação com o novo vizinho Ethan Russell, que traz sabonetes de lavanda como presente, oferece um vislumbre de normalidade em sua vida isolada.

A presença de Ethan reaviva memórias dolorosas em Anna, especialmente relacionadas ao seu ex-marido Ed e à perda de sua filha, temas abordados nas sessões com seu psicanalista, interpretado por Letts. Anthony Mackie aparece em cenas que sugerem ser fantasias de Anna, enquanto ela direciona sentimentos maternais para Ethan, interpretado por Fred Hechinger, um jovem possivelmente no espectro autista. Os encontros subsequentes com os pais de Ethan, Jane e Alistair, trazem à tona diferentes dinâmicas. Jane, inicialmente retratada por Julianne Moore e depois por Jennifer Jason Leigh, compartilha momentos de intimidade com Anna, enquanto Alistair, vivido por Gary Oldman, enfrenta acusações de crime e conflito direto.

A trama se complica com a entrada de um novo personagem que esclarece parte do mistério envolvendo os Russell, deixando o espectador a par de segredos perturbadores. “A Mulher na Janela”, na Netflix, pode ser visto sob diversos prismas: uma crítica à histeria feminina, uma reflexão sobre o isolamento urbano ou um apelo por empatia. No entanto, a verdadeira essência do filme é a vulnerabilidade humana frente aos inimigos invisíveis, revelando, paradoxalmente, um aspecto positivo nas adversidades.


Filme: A Mulher na Janela
Direção: Joe Wright
Ano: 2021
Gêneros: Thriller/Mistério
Nota: 9/10