Inspirado em caso real arrepiante, suspense com Penn Badgley acaba de chegar à Netflix Divulgação / Sony Pictures Releasing

Inspirado em caso real arrepiante, suspense com Penn Badgley acaba de chegar à Netflix

Inspirado na história real de John List, um contador de Nova Jersey que, em 1971, assassinou toda a sua família e permaneceu foragido por 18 anos até ser capturado vivendo sob uma nova identidade, “O Padrasto” (2009), dirigido por Nelson McCormick, é um suspense que reimagina essa trágica narrativa. O filme é também um remake de um título homônimo de 1987, trazendo uma nova perspectiva e atualizações para a história original.

A trama do filme se desenrola a partir do ponto de vista de Michael Harding (Penn Badgley), um jovem universitário que volta para sua casa durante as férias de verão. Ao retornar, Michael descobre que, enquanto esteve fora para os estudos, seus pais se divorciaram e sua mãe, Susan Harding (Sela Ward), agora vive com um novo namorado, David Harris (Dylan Walsh). A separação não é uma surpresa completa para Michael, que já havia presenciado o desmoronamento do casamento de seus pais, mas a rapidez com que sua mãe avançou para um novo relacionamento o deixa desorientado e inquieto.

Inicialmente, David se apresenta como um homem atencioso e um padrasto afetuoso, capaz de estabelecer uma fachada de normalidade e simpatia. Contudo, à medida que a convivência avança, começam a surgir indícios perturbadores sobre sua verdadeira natureza. David demonstra um comportamento agressivo e errático, especialmente visível durante um incidente com Sean (Braeden Lemasters), o irmão mais novo de Michael. Sua irritação também se manifesta em relação à presença de Kelly (Amber Heard), a namorada de Michael, evidenciando uma crescente aversão ao relacionamento do jovem casal.

A crescente tensão é amplificada pela desconfiança de Jay (Jon Tenney), o ex-marido de Susan e pai das crianças, que começa a perceber as falhas no comportamento de David. Entretanto, Susan, envolvida emocionalmente e apaixonada por David, permanece alheia às sutis, porém alarmantes, mudanças no comportamento de seu novo namorado. Ela vê apenas os momentos mais agradáveis da relação, ignorando os sinais de alerta que surgem em seu redor.

A técnica de “jump scares” é usada com maestria ao longo do filme, com David surgindo inesperadamente em várias cenas para criar momentos de susto e tensão. O suspense do filme se concentra na paranoia crescente de Michael, que começa a suspeitar que David pode ser um assassino em série. Essa sensação de medo é intensificada pela forma como David se infiltra nas cenas, gerando um ambiente de constante vigilância e desconforto.

A narrativa do filme também aborda questões profundas sobre a percepção da realidade e a influência das emoções no discernimento. A relação inicial idealizada pode rapidamente se transformar em uma situação de abuso e violência, uma reflexão sobre como a atenção e o carinho podem ser utilizados para mascarar intenções mais sombrias. O filme explora a necessidade de estar atento aos sinais de alerta, especialmente quando se trata de apresentar novas pessoas para o ambiente familiar e, mais importante, para os filhos.

A cinematografia de Patrick Cady desempenha um papel crucial na construção da atmosfera de perigo iminente. Através de uma combinação de iluminação suave e sombria e de ângulos de câmera que acentuam a sensação de claustrofobia, ele intensifica o clima de paranoia e incerteza. A paleta de cores frias e escuras, predominante nas cenas de suspense, contrasta com os tons mais quentes das cenas de tranquilidade, acentuando a dualidade entre segurança aparente e ameaça latente.

Além disso, a câmera utiliza movimentos abruptos durante os momentos de choque e susto, criando um contraste com os movimentos mais lentos e deliberados que predominam ao longo do restante do filme. Essa abordagem visual é complementada pelo trabalho do editor Eric L. Beason, cuja habilidade em manipular o ritmo e a tensão contribui significativamente para o impacto geral do filme.

Embora “O Padrasto”, na Netflix, não se estabeleça como uma obra memorável na história do cinema, ele é competente no trabalho de manter o espectador intrigado e envolvido. O filme é eficaz em criar um ambiente de tensão e suspense, proporcionando uma experiência de entretenimento que, mesmo sem ser inovadora, consegue capturar e manter o interesse do público.


Filme: O Padrasto
Direção: Nelson McCormick
Ano: 2009
Gênero: Mistério/Suspense
Nota: 8