Franquia bilionária, vista por 30 milhões, acaba de chegar a Netflix Divulgação / Lionsgate Home Entertainment

Franquia bilionária, vista por 30 milhões, acaba de chegar a Netflix

A vida é um misterioso paradoxo, pleno das reviravoltas todas que garantem o sobe-e-desce que atira-nos à luta pela sobrevivência, momento em que é urgente assumir uma postura mais agressiva diante dos outros, um dos tantos personagens que incorporamos em nosso teatro existencial. Ajudado pelas várias dificuldades que agigantam-se ainda mais no palco tétrico que a vida dispõe para um, onde se chega para matar ou para morrer, aflora em nós o monstro que se assenhora da ribalta e se exibe a nossa revelia, malgrado só queira nos proteger da hediondez do mundo e da nossa própria vileza, nascida da mágoa, do remorso sufocado pelo orgulho, da negligência, do abandono.

Reconhecem-se em “Skylines 3”, uma história sobre monstros alienígenas e um inimigo acerca do qual nada se sabe que precisa ser combatido de algum modo, toques do James Cameron de “O Segredo do Abismo” (1989); do James Wong de “Premonição” (2000), do Andrei Tarkovski (1932-1986) de “Solaris” (1972); e, por evidente, do grande Stanley Kubrick (1928-1999) de “2001 — Uma Odisseia no Espaço” (1968). Dirigido por Liam O’Donnell, o terceiro longa da trilogia iniciada com “Skyline — A Invasão” (2010), de Colin e Greg Strause, sublinha o caos que se instala depois que espaçonaves invadem o que ainda há da Terra com o propósito de abduzir seus desafortunados habitantes, drenar seus cérebros e fundi-los aos corpos das criaturas excêntricas que dominam uma galáxia remota. 

O roteiro de O’Donnell e Matthew E. Chausse destaca a figura de Rose, um híbrido humano-alienígena que cresce muito mais que um homo sapiens sapiens qualquer, adotado por um casal de terráqueos que criam-na sem revelar sua condição. Aos poucos, o espectador percebe que Rose não é uma garota comum, uma vez que o pai a submete a transfusões de sangue de tempos para frear seu crescimento desordenado. Toda essa dedicação apenas camufla a estranheza de Rose para consigo mesma, e quando chega à idade adulta e se vê na obrigação de salvar o mundo e o lugar de onde surgiu do vírus mortal que flana pelo universo sem nenhuma barreira científica que o detenha.

Lindsey Morgan divide a cena com atores em figurinos de vinil e plástico roxo e negro que lembram imensas formigas; Trent, seu irmão, é um deles, ainda que o diretor faça questão de salientar que o personagem de Jeremy Fitzgerald seja um ET bonzinho. A dicotomia natural que avulta dessa subtrama não é o bastante para manter o interesse no que se desenrola no terceiro, que se perde em meio a uma profusão de lutas entre Rose, Trent e os invasores. O ocaso melancólico de uma franquia promissora.  


Filme: Skylines 3
Direção: Liam O’Donnell
Ano: 2020
Gêneros: Ficção científica/Ação 
Nota: 7/10