Dirigido por Sofia Coppola, filme com Colin Farrell e Nicole Kidman na Netflix vai te fazer querer passar o dia em casa Divulgação / American Zoetrope

Dirigido por Sofia Coppola, filme com Colin Farrell e Nicole Kidman na Netflix vai te fazer querer passar o dia em casa

O impacto inicial de “O Estranho que Nós Amamos” é poderoso, evocando uma mistura de emoções, desde a inocência até a quase brutalidade. Apenas Sofia Coppola poderia conduzir um projeto com tal sensibilidade e profundidade, revelando camadas da alma humana, especialmente a feminina, de forma tão perspicaz.

Coppola enfrenta sem medo a narrativa complexa de John McBurney, um cabo do Exército da União ferido durante a Guerra Civil Americana, que deserta de seu regimento. Sua adaptação do romance “The Beguiled”, de Thomas P. Cullinan, lançado em 1966, suaviza alguns aspectos, mas preserva a essência corrupta dos personagens, ecoando a adaptação de Don Siegel.

Ambientada na Virgínia em 1864, a história se desenrola quando Amy, a mais jovem aluna de um internato feminino, encontra McBurney gravemente ferido e o leva para casa. A interação entre Oona Laurence e Colin Farrell é profundamente comovente, com a fotografia de Philippe Le Sourd realçando habilmente a atmosfera sombria e a persistência da vida em meio à adversidade. McBurney, já exausto, desmaia aos pés da diretora do internato, interpretada por Nicole Kidman, quando finalmente chega à propriedade.

Kidman, sempre magistral, revela as complexidades da personagem Martha Farnsworth, fundindo elementos de Grace Margaret Mulligan de “Os Outros” e Grace Stewart de “Dogville”. Kirsten Dunst, colaboradora frequente de Coppola, traz uma luz tênue ao papel de Edwina, uma figura reticente à presença perturbadora de McBurney, competindo inesperadamente pela atenção dele com Alicia, a provocante personagem de Elle Fanning.

Coppola destaca a ambiguidade moral dos personagens, infundindo um ar de tragédia romântica na narrativa. A reviravolta final expõe as contradições internas de cada personagem, levando o espectador a compreender as escolhas difíceis de Farnsworth. Esta obra, com sua sensibilidade lírica e incisiva, remete a clássicos literários e cinematográficos, oferecendo uma reflexão profunda sobre a natureza humana.


Filme: O Estranho que Nós Amamos
Direção: Sofia Coppola
Ano: 2017
Gêneros: Drama/Suspense
Nota: 9/10