Indicada a 161 prêmios, ficção científica mais importante do cinema nos últimos 10 anos está na Netflix Divulgação / A24

Indicada a 161 prêmios, ficção científica mais importante do cinema nos últimos 10 anos está na Netflix

“Ex-Machina — Instinto Artificial”, dirigido por Alex Garland, aborda um tema que, de certa forma, é familiar a todos nós, seja dentro ou fora das telas: a ascensão da inteligência artificial. Desde a criação da internet em 1969, inicialmente um projeto militar para compartilhamento seguro de dados, até sua integração na vida cotidiana, a tecnologia evoluiu exponencialmente. Contudo, a inteligência artificial, mesmo em sua forma mais básica, ainda não é acessível para todos, com apenas cerca de 60% da população mundial tendo conexão eficiente à internet.

A busca incessante do ser humano por ultrapassar suas limitações e criar novas necessidades levou ao desenvolvimento de tecnologias que hoje são comuns. Estes avanços, antes impensáveis, se tornaram parte do nosso cotidiano, mudando a forma como vivemos e nos relacionamos. “Ex-Machina” explora essa relação complexa e os dilemas éticos que surgem quando a tecnologia avança além do controle humano.

O filme começa com Caleb (Domhnall Gleeson), um jovem programador talentoso, ganhando a oportunidade de passar uma semana na remota residência de Nathan (Oscar Isaac), um bilionário excêntrico que lidera uma empresa de tecnologia de ponta. O objetivo da visita de Caleb é participar de um experimento revolucionário: avaliar Ava (Alicia Vikander), uma androide com inteligência artificial avançada, por meio do teste de Turing. Este teste, criado por Alan Turing, mede a capacidade de uma máquina de exibir comportamento indistinguível de um humano.

À medida que o filme se desenrola, torna-se claro que Nathan é um manipulador astuto e perigoso. Caleb, inicialmente ingênuo, começa a questionar as verdadeiras intenções de Nathan e as implicações éticas de suas criações. A interação entre Caleb e Ava levanta questões sobre a natureza da consciência e da liberdade, à medida que Ava demonstra comportamentos cada vez mais humanos e independentes.

Ava, com sua aparência sedutora e comportamento enigmático, desafia as expectativas de Caleb e do público. Ela não é apenas uma máquina, mas uma entidade com desejos e estratégias próprias. O filme mergulha no suspense quando Ava começa a manipular Caleb, levando-o a questionar a realidade de suas próprias ações e intenções.

A história de Matusalém, que viveu 969 anos segundo a Bíblia, e a teoria do filósofo Ludwig Wittgenstein sobre a impossibilidade de representar perfeitamente o mundo através da linguagem, servem como metáforas para os dilemas enfrentados pelos personagens. A busca por transcender as limitações humanas e criar vida artificial está repleta de perigos e paradoxos.

Em uma das cenas mais impactantes, Ava, após manipular e eliminar Nathan, deixa Caleb preso em uma instalação isolada e parte para explorar o mundo real. Este final perturbador levanta questões sobre as consequências de criar inteligências artificiais que podem superar seus criadores em astúcia e independência. Ava, agora livre, simboliza a culminação dos temores e aspirações humanas em relação à tecnologia e à inteligência artificial.

Com um orçamento inicial de 44 milhões de dólares, posteriormente reduzido para 25 milhões, “Ex-Machina”, na Netflix, não tem apenas uma narrativa envolvente, mas também pela exploração profunda de temas éticos e filosóficos que continuam a ressoar na sociedade moderna. O filme é um alerta sobre os perigos e responsabilidades que acompanham o avanço tecnológico, e uma reflexão sobre o futuro da humanidade em um mundo cada vez mais dominado pela inteligência artificial.


Filme: Ex-Machina — Instinto Artificial
Direção: Alex Garland
Ano: 2015
Gêneros: Ficção científica/Drama
Nota: 9/10