A primeira impressão nem sempre prevalece, algo que Wes Craven ilustra bem em seu suspense “Voo Noturno”. Cillian Murphy é Jackson, um homem enigmático que inicialmente se apresenta como encantador ao acalmar um cliente exaltado de uma companhia aérea. Lisa Reisert (Rachel McAdams), uma gerente de hotel, testemunha essa interação enquanto espera seu voo para Miami.
Lisa, que havia garantido ao pai, Joe (Brian Cox), que chegaria durante a madrugada, encontra Jackson, que se oferece para pagar uma bebida para ela. Eles trocam trivialidades e, mais tarde, percebem que estão sentados juntos no avião. A química inicial sugere um possível romance, mas a conversa logo toma um rumo sombrio. Jackson revela suas verdadeiras intenções: ele é um terrorista e precisa que Lisa coopere em um plano para explodir o quarto de um hóspede em seu hotel. Para garantir a colaboração dela, Jackson ameaça a vida de Joe.
A narrativa então se transforma em um jogo tenso e psicológico. A atuação de Murphy, com uma frieza assustadora, contrasta com a intensidade emocional de McAdams, que traz credibilidade ao enredo. Assim como Sidney, de “Pânico”, outra personagem de Craven, Lisa se mostra resiliente e determinada.
Embora “Voo Noturno”, na Netflix, não traga um enredo complexo, sua simplicidade e previsibilidade são equilibradas pela direção habilidosa de Craven. O filme se mantém envolvente, explorando a dualidade do vilão de Murphy, que consegue ser simultaneamente detestável e fascinante. Esta complexidade do personagem foi o que atraiu Murphy ao papel, a ponto de ele voar da Inglaterra para Hollywood dois dias antes de seu casamento para garantir a participação.
O filme começou com um orçamento de 44 milhões de dólares, mas a verba foi posteriormente reduzida para 25 milhões, resultando em uma produção que, embora com qualidade B, ainda consegue entregar um suspense eficiente e cativante.
Filme: Voo Noturno
Direção: Wes Craven
Ano: 2005
Gênero: Suspense
Nota: 8/10
