Romance inspirador baseado em livro que ficou por 180 semanas no topo dos mais vendidos do New York Times, está na Netflix François Duhamel / CTMG

Romance inspirador baseado em livro que ficou por 180 semanas no topo dos mais vendidos do New York Times, está na Netflix

A busca incessante por mais é uma jornada que, muitas vezes, leva à perda do que já se possui, uma reflexão central no filme “Comer, Rezar, Amar”. Este longa-metragem, baseado no best-seller de Elizabeth Gilbert, se assemelha a uma versão contemporânea e feminina da “Odisseia” de Homero, com um toque moderno e um orçamento generoso. A protagonista, Elizabeth Gilbert, parte de Nova York e atravessa Bali, Índia e Itália, na tentativa de encontrar paz e significado, apenas para descobrir que a verdadeira serenidade está mais próxima do que imaginava.

Ryan Murphy adapta a obra de Gilbert com uma sensibilidade que destaca as contradições da protagonista, uma mulher em busca de transformação e sentido. O filme abre com Liz pedalando por um arrozal em Bali, refletindo sobre as misérias humanas que afetam a todos, independentemente de riqueza. Ela visita Ketut Liyer, um guru que lhe oferece conselhos triviais e uma imagem de uma deusa hindu equilibrada sobre quatro pernas, um símbolo que se tornará significativo mais tarde.

Liz, na casa dos quarenta, enfrenta uma crise de meia-idade, incapaz de encontrar satisfação em relacionamentos amorosos, apesar de seus parceiros atenderem todos os seus desejos. O roteiro de Murphy e Jennifer Salt pinta Liz como uma figura inicialmente detestável, para depois revelar sua fragilidade, graças à interpretação carismática de Julia Roberts. As cenas com Stephen, seu obsessivo marido interpretado por Billy Crudup, mostram uma mulher insatisfeita com uma vida sem perspectivas.

A transformação de Liz é evidenciada através de suas interações e aventuras ao redor do mundo. Em Roma, ela se entrega aos prazeres culinários, ganhando peso e experimentando a felicidade simples da comida. Na Índia, a amizade com Richard, um texano interpretado por Richard Jenkins, aprofunda sua jornada de autodescoberta. Richard é uma figura crucial que ajuda Liz a apreciar ainda mais suas descobertas pessoais.

Ao retornar a Bali, Liz encontra Ketut, que inicialmente não a reconhece, adicionando um toque de humor à narrativa. A presença de Richard, que volta para o Texas, contrasta com o novo romance de Liz com Felipe, um brasileiro interpretado por Javier Bardem. Este relacionamento sugere uma nova possibilidade de equilíbrio emocional para Liz, alinhando-se com a filosofia de Ketut sobre o amor e o equilíbrio na vida.

“Comer, Rezar, Amar” é uma exploração profunda das buscas e crises de uma mulher moderna. As viagens de Liz e as pessoas que ela encontra refletem a complexidade da busca por significado em um mundo cheio de distrações e expectativas. O filme, com suas paisagens deslumbrantes e momentos emocionantes, convida o espectador a refletir sobre suas próprias buscas e o que realmente importa na jornada pessoal de cada um.

A narrativa, embora carregada de momentos previsíveis, é enriquecida pela performance de Julia Roberts, cuja presença cativa e dá profundidade à personagem de Liz. O filme não é apenas sobre viagens físicas, mas também sobre a jornada interna de autodescoberta e aceitação. Liz aprende que a verdadeira paz não está nos lugares exóticos que visita, mas em um lugar muito mais íntimo e pessoal.

“Comer, Rezar, Amar”, na Netflix, é uma jornada de autodescoberta e transformação, onde a protagonista aprende que o equilíbrio e a paz interior são alcançáveis, não através da fuga, mas através da aceitação e do amor próprio. O filme, com seu elenco talentoso e direção sensível, oferece uma reflexão sincera sobre as complexidades da vida e a busca por felicidade.


Filme: Comer, Rezar, Amar
Direção: Ryan Murphy
Ano: 2010
Gêneros: Romance/Drama 
Nota: 8/10