A história de amor mais amada da literatura nos últimos 200 anos volta ao catálogo da Netflix Divulgação / Focus Features

A história de amor mais amada da literatura nos últimos 200 anos volta ao catálogo da Netflix

Poucos autores capturaram tão bem as nuances do amor como Jane Austen (1775-1817), refletindo tanto em sua obra quanto em suas personagens. Uma das escritoras mais perspicazes na crítica social de seu tempo, Austen revelou os desafios enfrentados pelas mulheres em uma sociedade restritiva. Seu talento, particularmente evidente em obras como “Orgulho e Preconceito”, só foi amplamente reconhecido muito tempo após sua morte em 1817, causada pela doença de Addison, uma condição autoimune desconhecida na época.

Publicado pela primeira vez em 1813, “Orgulho e Preconceito” representa um canal pelo qual Austen expressa seus anseios por justiça social, imaginando um mundo onde mulheres como Elizabeth Bennet pudessem florescer plenamente. Elizabeth, a heroína complexa de um dos romances mais icônicos do século XVIII, sonha, mas nunca compromete sua liberdade, equilíbrio mental ou honra. Joe Wright, na adaptação cinematográfica, capta a intensidade de Austen, explorando a interseção entre autora e personagem de maneira convincente. A inquietude de Austen, transformada em Elizabeth e suas companheiras, reflete seu próprio desejo de amar sem restrições.

O filme inicia-se com a serenidade bucólica de Netherfield Hall, onde Elizabeth, interpretada por Keira Knightley, caminha com um livro em mãos. A tranquilidade do cenário rural contrasta com a proximidade de Londres, criando uma atmosfera de isolamento idílico. Durante os 126 minutos de projeção, a vivacidade inicial das jovens Bennet, cheias de esperanças e aspirações matrimoniais, se transforma em retratos desbotados pelo tempo, uma transição sutilmente capturada pela fotografia de Roman Osin. A narrativa de Wright revela gradualmente a dinâmica entre as irmãs Bennet e a chegada de figuras masculinas que despertam tanto sonhos quanto conflitos.

O baile organizado por Charles Bingley, um aristocrata que se instala nas proximidades, oferece uma chance para as irmãs Bennet escaparem da pobreza e talvez encontrarem o amor. Bingley, vivido por Simon Woods, e sua irmã Caroline, interpretada por Kelly Reilly, são acompanhados por personagens como o tenente George Wickham, cuja aparência impecável esconde intenções questionáveis. A trama de Deborah Moggach prepara o terreno para o encontro decisivo entre Elizabeth e Darcy, um momento de alta carga dramática que define o filme.

Quando Darcy, retratado por Michael Macfadyen, cruza o caminho de Elizabeth no baile dos Bingley, Austen nos lembra de sua crença no amor verdadeiro. Macfadyen e Knightley, como Darcy e Elizabeth, estabelecem uma química que eleva a adaptação de Wright, mantendo a tensão e o fascínio do romance original. A mágica do relacionamento entre Darcy e Elizabeth se desenrola, mesmo com os obstáculos representados por personagens como Wickham. O roteiro de Moggach e a direção de Wright capturam a essência da narrativa de Austen, mostrando como a aparente hostilidade entre os protagonistas esconde uma paixão crescente.

No final, Darcy e Elizabeth, através de sua capacidade de pensar nos outros antes de suas próprias angústias, alcançam o amor verdadeiro. Eles conquistam um ao outro e o mundo, sem comprometer suas almas, refletindo o ideal de Austen de um amor que transcende as limitações da sociedade.


Filme: Orgulho e Preconceito
Direção: Joe Wright
Ano: 2005
Gêneros: Romance/Drama
Nota: 9/10