O filme da Netflix mais assistido no mundo em junho de 2024 Divulgação / Netflix

O filme da Netflix mais assistido no mundo em junho de 2024

No Pacífico Norte, existe uma vasta área flutuante, conhecida como o sétimo continente. Com uma extensão de três milhões de quilômetros quadrados, equivalente a seis vezes o tamanho da França, essa região é monitorada pela Missão Ocean Origins. O projeto Evolução busca prevenir a morte de quase um milhão de aves e mamíferos marinhos anualmente, causadas pela ingestão de materiais inorgânicos, como plásticos de garrafas e alumínio de produtos de higiene, que se acumulam em seus corpos até o colapso.

O filme “Sob as Águas do Sena” começa como uma crítica à devastadora intervenção humana nos ecossistemas marinhos. O roteiro de Xavier Gens, junto com Sebastien Auscher e Yannick Dahan, parte dessa problemática para explorar uma situação específica: um grupo de tubarões, fugindo da poluição, migra para o rio Sena, em Paris. Isso ironicamente coincide com o local escolhido para competições aquáticas das Olimpíadas de 26 de julho, uma crítica sutil à escolha do local.

Sophia lidera um grupo de oceanógrafos e biólogos marinhos do projeto Evolução, que têm sucesso em suas pesquisas. Eles buscam Lilith, uma tubarão-fêmea monitorada que reaparece três vezes maior em poucos meses. Durante essa busca, encontram um filhote de cachalote morto, com o estômago cheio de plástico. O ataque de Lilith a Sophia, que quase a arrasta para o fundo do mar, levanta uma discussão sobre a responsabilidade humana na destruição ambiental.

Em tempos de negacionismo, a natureza clama por atenção e ação para resolver os problemas ambientais. A hostilidade enfrentada pela fauna em habitats degradados, onde a escassez de alimentos é uma consequência direta da poluição, força os animais a migrarem para novos locais, provocando respostas reativas dos humanos. No século 21, o filme caótico não aborda soluções baseadas em ciência e racionalidade, preferindo uma abordagem combativa ao “invasor”.

Bérénice Bejo, embora talentosa, tem feito escolhas discutíveis. Assim como em “Nada a Esconder” (2018), dirigido por Fred Cavayé, sua personagem não é bem desenvolvida, e o filme insinua uma certa xenofobia, apresentando os tubarões no Sena como ameaça em um evento global. Existem formas mais honestas de destacar a poluição dos mares, mas “Sob as Águas do Sena” acaba reforçando estereótipos e argumentos elitistas para proteger Paris de criaturas indesejadas.


Filme: Sob as Águas do Sena
Direção: Xavier Gens
Ano: 2024
Gêneros: Terror/Suspense 
Nota: 7/10