Independentemente do que possamos querer, o tempo, mestre da razão e de todos os mistérios do mundo, avança implacável, sem esperar por ninguém, nunca parando, nunca aceitando decepções e, com sua natureza caprichosa, tem seus próprios planos e desejos que frequentemente não correspondem às aspirações humanas. O tempo pode ser o que fazemos dele, um tópico que levanta outras questões, como as exploradas em “O Exterminador do Futuro — A Salvação” de maneira adequada para um filme desse gênero.
O decorrer dos anos pode trazer tanto alegria quanto sofrimento, e a responsabilidade por esses resultados recai sobre o ser humano. O tempo pode ser associado ao dinheiro, que por sua vez, é capaz de adquirir tudo, exceto o mais importante. Em outras palavras, a vida segue de maneira a nos lembrar que a cada curva do caminho há um perigo, e é dessa premissa que McG se baseia para tentar fornecer uma resposta sensata a um problema fundamental da humanidade, especialmente nesses primeiros anos do século 21.
Fazer o certo, independentemente das recompensas, assumir nossas próprias responsabilidades e destino, sem delegá-los a dispositivos que ainda levarão muito tempo para serem totalmente compreendidos, é o melhor investimento que podemos fazer para nós mesmos e para as gerações futuras, sob o risco de não restar nada, nem nós, nem ninguém, nem o futuro. Apenas um mundo frio como o metal que pisará sobre nossos ossos.
A predominância do preto e branco e do sépia na fotografia de Shane Hurlbut esclarece qualquer dúvida: o roteiro de John D. Brancato e Michael Ferris segue por caminhos progressivamente melancólicos e absorve a tristeza possível de um interno da Prisão Estadual de Longview. Em 2003, as execuções de detentos ainda mancham a reputação do Texas, mas Marcus Wright parece resignado e encontra certo alívio diante do que o aguarda em pouco mais de uma hora.
O personagem de Sam Worthington acredita que já esgotou todas as suas segundas chances na vida, e mesmo que a sorte lhe oferecesse outra oportunidade, ele não hesitaria em recusar. Serena Kogan, a médica interpretada por Helena Bonham Carter em uma atuação burocrática, começa a girar a narrativa em torno dessa figura enigmática, até que a história desemboca na explicação sobre a Resistência, uma divisão de Los Angeles encarregada de combater motins de ciborgues, um tipo de ataque à ordem cada vez mais comum na América de um futuro distópico e próximo, onde pessoas desesperadas, famintas e doentes tentam obter antibióticos no mercado clandestino.
John Connor, o messias apresentado por James Cameron no filme original de 1984, é agora um homem adulto, e Edward Furlong, justiça seja feita, preparou o terreno para que Christian Bale levasse o personagem adiante com fidelidade ao texto de Gale Anne Hurd, apesar de a balança pender a favor do intérprete de Connor de quatro décadas atrás. Os robôs anabolizados do filme de McG parecem temer muito mais o ex-condenado vivido por Worthington do que o aspirante a redentor da humanidade de Bale, que acaba por sucumbir à força bruta da inteligência artificial. Wright, por sua vez, sabe que também nós, humanos, somos poderosos, mas que nosso vigor não vem do homem.
Filme: O Exterminador do Futuro — A Salvação
Direção: McG
Ano: 2009
Gêneros: Ação/Ficção científica
Nota: 8/10