Último dia na Netflix: não perca a superprodução com Christian Bale. Um verdadeiro espetáculo do cinema Divulgação / Twentieth Century Fox

Último dia na Netflix: não perca a superprodução com Christian Bale. Um verdadeiro espetáculo do cinema

Ridley Scott não é conhecido por ser modesto. Aos 86 anos, o renomado diretor continua a impressionar, especialmente quando se trata de trazer figuras notáveis da mitologia e da história para as telas, proporcionando ao público a sensação de proximidade com essas figuras lendárias.

Em “Êxodo: Deuses e Reis”, Scott segue a mesma abordagem de obras anteriores como “Prometheus” (2012), “Robin Hood” (2010) e “Gladiador” (2000), oferecendo um toque de glamour à vida de figuras centrais da civilização judaico-cristã. Esta prática inevitavelmente leva ao questionamento de muitos dogmas e imagens profundamente enraizadas na consciência coletiva da humanidade ao longo de milênios, confrontando verdades estabelecidas e desafiando percepções tradicionais.

Pode-se afirmar que Scott apresenta uma interpretação bastante pessoal da vida de seu protagonista, mesclando narrativas históricas com uma visão científica contemporânea, uma ousadia que frequentemente gera controvérsias, mas que também confere um caráter inovador à sua obra.

Em 1300 a.C., os hebreus já estavam há quatro séculos escravizados no Egito, responsáveis pela construção de monumentos e cidades que perpetuaram a glória de uma das civilizações mais admiradas por sua arquitetura e avanços em diversas áreas do conhecimento.

O roteiro, elaborado por Adam Cooper, Bill Collage, Jeffrey Caine e Steven Zaillian, menciona logo de início a guerra contra os hititas, com seus dezesseis mil soldados avançando sobre Kadesh, na atual Síria. No palácio do faraó Seti I em Mênfis, os conselheiros discutem a iminência do conflito, revelando que, na verdade, já estão cercados. Moisés, o protagonista, emerge com destaque num diálogo profundo com o monarca.

Em um dos momentos mais marcantes do filme, Christian Bale e John Turturro compartilham a cena como pai e filho adotivo, demonstrando laços que transcendem o sangue. Todos sabem que Moisés foi resgatado das águas do Nilo por uma princesa egípcia. Scott minimiza a rivalidade entre Moisés e Ramsés II, mas utiliza esse conflito no momento certo, criando uma cena envolta em mitologia, onde Bale e Joel Edgerton se confrontam.

A computação gráfica é responsável por espetáculos visuais impressionantes, como o rio de sangue, as pragas de sapos, moscas, vermes e a peste que devasta a população. Os roteiristas quase oferecem explicações científicas para as pragas, mas Scott sabiamente retorna à narrativa mágica com a travessia do Mar Vermelho e Moisés esculpindo os Dez Mandamentos.

Embora haja uma certa frustração pelo subaproveitamento de Ben Kingsley como Nun, o ancião que revela a Moisés seu destino como libertador, a narrativa culmina com a abertura do mar e a marcha dos hebreus rumo à terra prometida. “Êxodo: Deuses e Reis” desmantela o último refúgio dos antissemitas, destacando uma verdadeira e perigosa maldição.


Filme: Êxodo: Deuses e Reis
Direção: Ridley Scott
Ano: 2014
Gêneros: Épico/Drama/Ação
Nota: 8/10