Em “Um Homem de Sorte” (2018), uma origem modesta é um desafio significativo para alcançar grandes aspirações. Este filme explora como a busca por riqueza e prestígio pode se chocar com um sistema estabelecido, poderoso e relutante em abrir espaço para novos jogadores. A narrativa de Bille August, adaptada do romance “Lykke-Per” de Henrik Pontoppidan, Nobel de Literatura de 1917, confronta esses mundos divergentes e busca responder por que se cruzam.
O enredo segue Peter Andreas, que despreza seu pai, um vigário severo, e se muda para Copenhague para estudar engenharia. Ele adota o nome Per para se distanciar de seu passado, e sua ambição é representada por um projeto inovador que utiliza vento e água para gerar eletricidade. Esse mecanismo, uma ideia avant-garde para o início do século 20, reflete as preocupações de Pontoppidan com o meio ambiente, o capitalismo e o progresso científico.
Per, excluído das esferas da burguesia, precisa de apoio para que sua ideia prospere. Ele se envolve com Jakobe Salomon, uma jovem de família influente. Apesar da aceitação inicial, a relação deles é minada pelo pai de Jakobe, que detecta a ambição de Per e a influencia a terminar o relacionamento. As diferenças religiosas e econômicas entre Jakobe, uma herdeira judia rica, e Per, um cristão apóstata e pobre, complicam ainda mais a situação.
O filme demonstra a complexidade intelectual do enredo e a excelência técnica, especialmente a fotografia de Alar Kivilo. A despedida entre Per e Jakobe é uma cena sutil, mas poderosa, que demonstra a capacidade do diretor de criar momentos únicos em cada filme. “Um Homem de Sorte”, na Netflix, reafirma a sofisticação do cinema dinamarquês e a habilidade de August em combinar narrativa e técnica de forma magistral.
Filme: Um Homem de Sorte
Direção: Bille August
Ano: 2018
Gênero: Drama/Romance
Nota: 9/10