Último filme de Idris Elba, que acaba de chegar ao Prime Video, é uma viagem tão emocionante que faz 93 minutos parecerem 15 Divulgação / Universal Pictures

Último filme de Idris Elba, que acaba de chegar ao Prime Video, é uma viagem tão emocionante que faz 93 minutos parecerem 15

Já faz algum tempo que safáris, as expedições de senhores endinheirados da Europa e dos Estados Unidos que viajam a lugarejos exuberantes e remotos da Terra à procura de alguma coisa que aplaque seu vazio existencial, seu ímpeto de destruição, e de quebra reafirme para eles a masculinidade frágil que se despedaça ante à análise mais profunda, não permitem mais caçadas. 

Agora, os privilegiados visitantes têm autorização para, somente, importunar os bichos com sua estúpida abelhudice, saciando desse modo sua fome por novas “experiências”. É em torno desse eixo que “A Fera” passa a girar depois de certo ponto, quando a mensagem de um claro desmando dos povos ditos civilizados para com a natureza torna-se inescapável. 

O islandês Baltasar Kormákur extrai do roteiro de Jaime Primak Sullivan e Ryan Engle os argumentos com que guia o espectador por uma crítica penetrante ao que o homem tem feito com o mundo a sua volta. A fotografia de Philippe Rousselotameniza o choque pelo que acontece no segundo ato, usando sem receio âmbares-amarelos e verdes-musgo, até a história enveredar pelo terror que carrega tudo de uma atmosfera sombria, como se uma nuvem plúmbea de mau agouro perseguisse aqueles que ousaram molestar o personagem a que o título se refere.

Kormákur começa seu filme socorrendo-se de uma bela imagem que sugere a reunião de uma comunidade tribal da África do Sul, em que se reconhecem, como se verá logo, Nate Samuels e as filhas, Meredith e Norah. Homens armados saem à caça de um enorme leão que tem ameaçado a ordem no coração do país, ingenuamente, sem considerar que sua arrogância pode servir apenas para nutrir a cólera do animal. 

Na sequência, Nate, Mare e a caçula estão a caminho de um ponto isolado do país africano, onde o médico garante à piloto já ter morado “em outra vida”. Essa é das raras oportunidades que Idris Elba tem para destilar seu charme implacável, uma vez que quanto mais os três conhecem a rotina das aldeias sul-africanas, mais desarmados ficam, em todos os sentidos. 

Cercado de Iyana Halley e Leah Jeffries, dois talentos promissores, o protagonista testemunha a intimidade do amigo Martin, de Sharlto Copley, com uma dupla de leões machos; no entanto, nem ele está a salvo da ameaça que o diretor reserva para a virada do segundo para o terceiro ato, quando um povoado tsongan sofre o massacre da tal fera. Daí em diante, é o deus-nos-acuda que se supõe, com o pano de fundo de um acerto de contas entre Nate e a filha mais velha.


Filme: A Fera
Direção: Baltasar Kormákur
Ano: 2022
Gêneros: Terror/Ação
Nota: 8/10