Suspense com Morgan Freeman e Ashley Judd na Netflix te manterá na ponta do sofá, sem desviar o olhar, por 115 minutos Divulgação / Paramount Pictures

Suspense com Morgan Freeman e Ashley Judd na Netflix te manterá na ponta do sofá, sem desviar o olhar, por 115 minutos

Policiais macambúzios e à prova de qualquer expediente de devassidão caem feito uma luva para Morgan Freeman. Em “Beijos que Matam”, Freeman, um dos melhores atores de seu tempo, dá vida a Alex Cross, um psicólogo forense da polícia de Washington, DC, envolvido de uma forma muito mais íntima do que poderia desejar na averiguação de uma série de crimes hediondos e misteriosos em Durham, na Carolina do Norte. 

Quem gosta do assunto logo percebe que o nome do protagonista não lhe é estranho. Alex Cross, o detetive criado por James Patterson, ancora uma antologia de três dezenas de volumes de Patterson, autor de romances policiais em que a densidade argumentativa é diretamente proporcional ao alcance mercadológico dessas publicações. 

No caso de “Beijos que Matam”, baseado em “O Beijo da Morte” (1995), Gary Fleder faz com que Cross deixe Washington e cruze a América atrás do homem que sequestrou a sobrinha, Naomi, temendo o pior, até que chega a uma das conclusões que garantem boa parte do suspense do roteiro de David Klass, distribuído por passagens de tensão ora explícita, ora escamoteada pelo naturalismo com que o personagem central evolui.

Cross rompe a história contando de suas proezas românticas de juventude, e o que parece um clichê em filmes dessa natureza serve como o princípio de uma das explicações para o temperamento atormentado do detetive. Garotas de vinte e poucos anos, bonitas e algo desamparadas são o objeto do desejo de um bandido que se identifica como Casanova, conquistador presunçoso e fajuto, uma vez que seu sucesso com as mulheres tem de passar sempre pela violência. 

Quando uma de umas vítimas é encontrada morta num galho de árvore, para que as “criaturas” encontrassem-na, Cross deixa de lado o policial e dá mais espaço ao psicólogo, a exemplo do que se assiste na cena em que é chamado a mediar a rendição de uma mulher que ameaça cometer suicídio depois de escapar do abusador. 

O investigador começa a pensar que o tal Casanova seja um vaidoso antes de qualquer outra coisa, aprisionando as moças em seu tugúrio como esculturas num museu ou as obrigando a prestar favores sexuais como se num harém. Essa teoria ganha força quando Kate, a médica interpretada por Ashley Judd, revela que o cativeiro era muito sofisticado do que ele jamais pensara. O que acaba por justificar o título de “Na Teia da Aranha” (2001), uma das continuações da saga de Cross, dirigido por Lee Tamahori.

Fleder reserva para o desfecho uma estimulante subtrama centrada em corrupção policial e paranoia, com o detetive Nick Ruskin de Cary Elwes assumindo o lado sombrio da força. Mas Freeman e Judd, nessa ordem, não se permitem eclipsar.


Filme: Beijos que Matam
Direção: Gary Fleder
Ano: 1997
Gêneros: Thriller/Crime/Mistério 
Nota: 8/10