Diferente de tudo que você já viu: comédia melancólica da Netflix é perfeita para se desligar dos problemas Jurre Rompa / Netflix

Diferente de tudo que você já viu: comédia melancólica da Netflix é perfeita para se desligar dos problemas

Ao concordar em compartilhar a vida com outra pessoa, deve-se estar preparado para deixar de lado certos caprichos que cultivamos com tanto apreço ao longo dos anos. Isso é feito em nome do bem que o outro nos inspira, ou deveria inspirar. Um relacionamento, enquanto dura, nos consome com intensidade variável, tanto nos momentos de prazer quanto nos de desespero. Estes últimos, frequentemente, parecem prolongar-se indefinidamente, infiltrando-se sorrateiramente até que se tornem insuportáveis.

 Soluções fáceis e errôneas para problemas complexos são abundantes, e é nesse ponto que encontramos os protagonistas de “Um Clímax Entre Nós”. Eles arrastam uma vida a dois em processo de desintegração visível, até que surge uma luz no fim do túnel, que mais cega do que salva. A diretora holandesa Joosje Duk desafia muitos clichês de seu filme, buscando possibilidades menos óbvias e tolerando a inconstância das situações. À medida que a trama adquire profundidade dramática, nota-se o esforço louvável da diretora em manter o interesse do público.

Uma mulher grita e pula na cama enquanto o namorado observa pelo olho mágico. Ele entra, e, nesse momento, o espectador tem uma surpresa menos chocante do que Duk imagina. Embora o desenrolar da sequência justifique o início confuso, Mink abre a porta, tira a roupa de Luna, e parece que os personagens de Martijn Lakemeier e Gaite Jansen finalmente vão se entender.

Contudo, após os momentos de intimidade, Luna revela ao espectador que aquele foi seu 132º orgasmo fingido. Duk então desenvolve seu roteiro sobre as inúmeras formas de lidar com essa questão, todas bastante simplistas e permeadas de maniqueísmo primário, deixando ao homem do casal um papel quase decorativo, como se ele devesse saber instintivamente tudo o que fazer na cama.

Os artifícios engenhosamente planejados em “Um Clímax Entre Nós” funcionam até certo ponto, mas acabam se tornando excessivamente artificiais, especialmente com a introdução desajeitada de Eve, a garota aparentemente leviana interpretada por Joy Delima. Eve serve como um mero passatempo para Luna, preenchendo o imenso vazio que ela sente enquanto não decide seu rumo.

 É evidente o esforço da diretora em corrigir os claros erros na abordagem do conflito central da história, principalmente no que diz respeito a Eve, mas a sensação de oportunismo permanece tanto para a anti-heroína de Jansen quanto para Duk. O desfecho, no telhado de um prédio com apenas Mink e Luna em cena, resulta em uma narrativa que falha em atingir um verdadeiro clímax.


Filme: Um Clímax Entre Nós
Direção: Joosje Duk
Ano: 2023
Gêneros: Romance/Comédia
Nota: 7/10