De tirar o fôlego: o filme eletrizante da Netflix que foi assistido por mais de 150 milhões de pessoas Divulgação / Netflix

De tirar o fôlego: o filme eletrizante da Netflix que foi assistido por mais de 150 milhões de pessoas

Filmes de ação não se limitam a exibir cenas de violência gráfica; eles têm a capacidade de abordar temas complexos e transmitir mensagens profundas. Quando elementos políticos são introduzidos nessas narrativas, os tópicos mais sérios tornam-se mais acessíveis, podendo despertar intensas paixões. Contudo, é perigoso acreditar que qualquer pessoa pode solucionar crimes e impedir abusos apenas por assistir a essas produções.

A ansiedade e a desconfiança geradas pela espera podem motivar um desejo de contribuir, o que é saudável do ponto de vista cívico. No entanto, quando esse sentimento é a única esperança de um povo marginalizado e oprimido, a situação se torna crítica. A paciência, um atributo essencial para a convivência harmoniosa, está se tornando cada vez mais rara. É crucial que cada um de nós encontre maneiras de cultivá-la para garantir a sobrevivência social.

Apesar das críticas iniciais, “Esquadrão 6” (2019) superou as expectativas. O filme de Michael Bay combina elementos de “Missão: Impossível” e “Velozes e Furiosos”, além de referências a outras obras do gênero, enquanto ainda desenvolve suas próprias teorias políticas, por mais excêntricas que sejam. As sequências cheias de ação, tiroteios e perseguições de carros, juntamente com a presença de mulheres atraentes na tela, humanizam um enredo naturalmente árido, graças ao roteiro tecnicamente habilidoso de Paul Wernick e Rhett Reese. As piadas podem ser de mau gosto, e temas sérios são frequentemente tratados com uma leveza jocosa, levando a revisões conceituais de tempo e espaço. Tudo isso é intencional, para manter a atmosfera de absurdo e sátira sociopolítica precisa e oportuna.

O excêntrico bilionário interpretado por Ryan Reynolds, que supostamente inventou o alerta vibratório de mensagens e chamadas, finge sua própria morte para sair dos holofotes, movido por um amor pela humanidade. Porém, sob a fachada de salvador, existe um vaidoso, talvez até um lunático, e seu personagem não é exceção. Ele lidera um grupo de mercenários que abandonam suas vidas comuns para enfrentar urgências negligenciadas por governos ao redor do mundo, uma metáfora apocalíptica do filme.

O objetivo do grupo é derrubar um autocrata que governa o fictício Turgistão, uma combinação de várias nações islâmicas. Para “neutralizar” o inimigo, a operação acaba causando a morte de centenas de civis, ilustrando a complexidade das decisões. O plano de Reynolds, com o apoio de Mélanie Laurent como uma agente dupla da CIA; Manuel Garcia-Rulfo como um assassino profissional; Ben Hardy como um especialista em ações aéreas; Adria Arjona como uma golpista; Dave Franco como o motorista; e Corey Hawkins como um ex-atirador em tratamento psiquiátrico, culmina em explosões e uma violência descontrolada.

Não se sabe exatamente o que Wernick, Reese e Bay pretendiam ao criar uma história tão inusitada. No entanto, “Esquadrão 6” se mantém na linha de frente do entretenimento, mesmo navegando pelas águas turbulentas do comentário político. É um filme nonsense, absurdo, mas acima de tudo, divertido, que cumpre seu propósito de entreter.


Filme: Esquadrão 6
Direção: Michael Bay
Ano: 2019
Gêneros: Ação/Suspense
Nota: 8/10