Épico shakespeariano da Netflix indicado a 28 prêmios Divulgação / Netflix

Épico shakespeariano da Netflix indicado a 28 prêmios

Um dia todos nos deparamos com um momento de introspecção, muitas vezes nem tão auspicioso assim, e encaramos nosso reflexo, buscando no âmago a coragem para enfrentar a grande questão: “O que quero para minha vida?”. Para atores, especialmente aqueles que ingressam na profissão ainda jovens, essa pergunta deve ser respondida com convicção para que anos de dedicação não sejam em vão, sob o olhar crítico e implacável dos especialistas. Timothée Chalamet, sem dúvida, teve seu momento de reflexão, e seu espelho certamente não mentiu.

Chalamet é mais do que apenas um rosto bonito, algo evidenciado por sua filmografia. Com mais de vinte filmes no currículo, o ator franco-americano sempre trouxe uma performance impecável, destacando-se tanto por sua presença aristocrática quanto pela habilidade de encarnar personagens mais populares. Em “O Rei” (2019), dirigido por David Michôd e co-roteirizado com Joel Edgerton, que também atua no filme, Chalamet se transforma no rei da Inglaterra, Henrique V, uma ascensão que reflete sua crescente proeminência no cinema.

A base para “O Rei” vem das peças históricas de William Shakespeare sobre Henrique V, que reinou de 1386 a 1422. Chalamet, com sua aparência harmoniosa, encarna o jovem monarca com uma presença que, apesar de anacrônica, aproxima-se das gravuras históricas da época. Criado no teatro, ele se alinha com grandes nomes britânicos como Laurence Olivier, Colin Firth e Malcolm McDowell, todos notáveis por retratar monarcas. Em “O Rei”, Chalamet lembra especialmente Olivier, transitando de um jovem imprudente a um líder movido por um ideal.

Henrique V, ao contrário de Hamlet, é retratado como um líder equilibrado, focado no bem-estar de seu povo e no tratamento humanitário dos inimigos, mesmo durante a Guerra dos Cem Anos. O filme destaca as batalhas com realismo impressionante, especialmente a Batalha de Azincourt, coreografada para enfatizar o impacto dos combates corpo a corpo, onde espadas e armaduras se encontram em um confronto brutal.

Shakespeare possuía um alcance popular vasto, e “O Rei” se aproveita disso, evitando o inglês elisabetano em favor de uma linguagem mais acessível, embora ainda formal, apropriada para a narrativa histórica. Joel Edgerton se destaca como Falstaff, o conselheiro saído da pena de Shakespeare, enquanto Robert Pattinson, como o delfim da França, entrega uma atuação menos convincente e um tanto exagerada.

O verdadeiro destaque de “O Rei”, na Netflix, é Timothée Chalamet. Assim como em “Me Chame Pelo Seu Nome” (2017), de Luca Guadagnino, “O Rei” marca um rito de passagem para Chalamet, que aqui demonstra maturidade e resiliência necessárias para um papel de tal magnitude, muito além do jovem vulnerável e apaixonado. Sua evolução continua visível em projetos subsequentes, como “Duna” (2021), dirigido por Denis Villeneuve.

Chalamet, portanto, não é apenas um prodígio da atuação, mas um profissional que continua a expandir seus horizontes, cativando tanto público quanto crítica com suas escolhas de papéis complexos e desafiadores. Sua carreira promete ser longa e frutífera, refletindo seu talento e dedicação à arte da atuação.


Filme: O Rei
Direção: David Michôd
Ano: 2019
Gênero: Biografia/Drama/História
Nota: 10