Para maiores de 18: filme selvagem e violento com Adrien Brody na Netflix vai te fazer esquecer a pipoca e morder a língua Divulgação / IFC Films

Para maiores de 18: filme selvagem e violento com Adrien Brody na Netflix vai te fazer esquecer a pipoca e morder a língua

Um homem leva uma vida simples, esforçando-se para superar traumas e esquecer os ressentimentos de um passado aparentemente distante. No entanto, como é comum, questões não resolvidas ressurgem para assombrá-lo. Remexendo os fragmentos do que um dia foi, ele acaba por se reinventar, mas os fantasmas do passado retornam com força renovada. O processo de expiação de uma vida inteira é árduo e, embora ele não saia completamente curado, torna-se mais forte, preparado para enfrentar outras surpresas que a vida possa trazer. Entretanto, os acontecimentos logo voltam ao caos inicial, lançando-o de volta ao abismo do qual escapara com dificuldade. Como um guerreiro, ele se arma novamente, desta vez com novos métodos e evitando erros passados. Mais experiente, sábio e, ao mesmo tempo, mais desgastado e desesperançoso, ele continua a lutar porque não conhece outra forma de viver.

O filme de Paul Solet revela muito da história já no título, que faria mais sentido manter o nome original. “Passado Violento” (2021), ou “Clean” na tradução literal, poderia ser descrito como o amadurecimento de um personagem já adulto, forçado a confrontar questões antigas que permanecem não resolvidas e ainda mais obscuras. O longa se destaca de várias formas. Embora Solet seja o diretor, o DNA do protagonista é o que mais se evidencia. Adrian Brody, eternizado como Władysław Szpilman em “O Pianista” de Roman Polanski, pelo qual ganhou o Oscar de Melhor Ator em 2003, é também produtor, corroteirista e compositor da trilha sonora de “Passado Violento”. Claramente um projeto pessoal, Brody contou com o olhar crítico de Solet para evitar que ideias medianas fossem vistas como brilhantes. Solet, conhecido por “O Mistério de Grace” (2009), contribuiu com sugestões precisas, garantindo que o novo projeto de Brody não fosse um fracasso.

Em “Passado Violento”, Brody interpreta Clean, um lixeiro cujo verdadeiro nome nunca é revelado. Brody consegue transmitir a angústia de seu personagem através de expressões sóbrias, complementadas pela fotografia de Zoran Popovic, que utiliza tons escuros e frios para intensificar a sensação de desorientação nas noites de Utica, Nova York. Clean busca respostas que considera vitais enquanto sofre com o que chama de “ataque interminável de feiúra” do mundo ao seu redor, semelhante ao Travis Bickle de Robert De Niro em “Taxi Driver” (1976), de Martin Scorsese.

Clean deseja apenas viver honestamente, lidando com a sujeira em estado bruto. O passado violento aludido no filme é mantido enigmático, deixando ao espectador a tarefa de tirar suas próprias conclusões, nenhuma delas lisonjeira. No entanto, Clean, o lixeiro hipster de Utica, conquista a simpatia do público. As cenas em que ele procura por sucata para vender a Kurt, interpretado por RZA, levam a história ao segundo ato, realmente violento, onde ele abandona qualquer ilusão de felicidade e confronta Michael, o gângster local vivido por Glenn Fleshler. Tudo isso para proteger Dianda, sua enteada problemática, interpretada por Chandler Ari Dupont, outro enigma na trama até o final.


Filme: Passado Violento
Direção: Paul Solet
Ano: 2021
Gêneros: Mistério
Nota: 8/10