Depois de faturar 3 bilhões nas bilheterias, filme com Tom Cruise na Netflix é o mais assistido do mundo atualmente Divulgação / Paramount Pictures

Depois de faturar 3 bilhões nas bilheterias, filme com Tom Cruise na Netflix é o mais assistido do mundo atualmente

O filme “Mission: Impossible — Dead Reckoning Part One” é um espetáculo repleto de ação e complexidade narrativa. No sétimo capítulo desta longeva franquia, o diretor Christopher McQuarrie mescla sequências de perseguição de tirar o fôlego com momentos de humor espontâneo, criando um ambiente onde o potencial para um romance sempre paira, mas nunca se concretiza totalmente. Os protagonistas, embora atraídos um pelo outro, sabem que a mera atração física e a camaradagem não são suficientes para uni-los de forma duradoura, pois representam lados opostos de uma mesma moeda.

A série, originalmente criada por Bruce Geller (1930-1978) e exibida pela CBS entre 1966 e 1973, parece determinada a continuar mesmo após a inevitável aposentadoria de Ethan Hunt. Já existem rumores de que Glen Powell, que chamou a atenção em “Top Gun: Maverick” (2022), poderia ser o sucessor ideal para o papel, caso seja convidado. Essa especulação não surge do nada, pois no filme de Joseph Kosinski, Powell e Tom Cruise competem intensamente pela preferência do público, com Powell levando uma ligeira vantagem.

Quando Tom Cruise eventualmente deixar o papel que desempenha há quase três décadas, desde o primeiro “Missão Impossível” dirigido por Brian De Palma em 1996, levará algum tempo para o público se acostumar com sua ausência. A direção e o roteiro de McQuarrie, junto com Erik Jendresen, colocam Ethan Hunt em uma jornada de dilemas existenciais típicos de alguém que já passou dos sessenta anos. Os primeiros planos do filme deixam claro que Hunt envelheceu.

A poética mordaz de McQuarrie e Jendresen é particularmente eficaz ao lembrar os espectadores dos dias de glória do agente mais talentoso e destemido da IMF (Força Missão Impossível), conforme retratado por De Palma. Esse contraste fornece um rico material para reflexões sobre o desencanto natural do espião com sua vida, marcada por tarefas que nunca terminam e que se tornam progressivamente mais desafiadoras.

Personagens como Eugene Kittridge, interpretado por Henry Czerny, evidenciam que o mundo de Hunt já não é o mesmo. O cinismo presente em uma das cenas mais perturbadoras deste sétimo filme ilumina muitos aspectos do segundo ato. É nesse contexto que o protagonista descobre a nova missão imposta pelo Departamento de Segurança dos Estados Unidos: recuperar um dispositivo de inteligência artificial com o poder de acionar uma bomba de fissão nuclear, ativada por uma chave dividida em duas partes, uma das quais está prestes a ser vendida no mercado negro.

Esta situação coloca Hunt e sua equipe em alerta máximo. Simon Pegg, como Benji Dunn, e Ving Rhames, como Luther Stickell, oferecem a familiaridade necessária para manter a audiência engajada, mesmo diante de novos personagens como Grace, a astuta ladra interpretada por Hayley Atwell, e Alanna Mitsopolis, vivida por Vanessa Kirby. A relação de Hunt com essas personagens é complexa e multifacetada, especialmente com Ilsa Faust, interpretada por Rebecca Ferguson, cuja dinâmica com Hunt é tanto romântica quanto profissional.

Com quase três horas de duração, “Mission: Impossible — Dead Reckoning Part One” leva Ethan Hunt a aventuras pelos quatro cantos do mundo, entregando uma experiência visualmente gratificante. O filme termina deixando o público ansioso pela continuação, “Mission: Impossible — Dead Reckoning Part Two”, prevista para 23 de maio de 2025, que promete mais um capítulo de intensa ação e emoção, possivelmente marcando a despedida de Tom Cruise da franquia.


Filme: Mission: Impossible — DeadReckoning Part One
Direção: Christopher McQuarrie
Ano: 2023
Gêneros: Ação/Thriller
Nota: 9/10