História belíssima e inspiradora, com Julia Roberts, que fez as pessoas chorarem nas salas de cinema, na Netflix Dale Robinette / Studiocanal

História belíssima e inspiradora, com Julia Roberts, que fez as pessoas chorarem nas salas de cinema, na Netflix

Stephen Chbosky explora os desafios da infância em “Extraordinário” (2017), um relato sensível sobre as experiências de um garoto incomum enfrentando as complexidades do mundo além de seu ambiente familiar. Adaptado do livro homônimo de R.J. Palacio, Chbosky, que também dirigiu “As Vantagens de Ser Invisível” (2012), segue August Pullman em um período crucial de sua vida. Nascido com uma rara anomalia congênita que afeta o desenvolvimento de seus órgãos e altera a estrutura de seus ossos e pele facial, Auggie inicia sua vida em uma batalha constante pela sobrevivência. Em um flashback, o roteiro, coescrito com Jack Thorne e Steve Conrad, retrata o parto turbulento e a série de 27 cirurgias que ele enfrentou logo após o nascimento, um detalhe que sublinha a gravidade de sua condição e a luta contínua de sua família.

Palacio inspirou-se em um encontro em uma sorveteria com um menino que tinha as mesmas características de Auggie, mas a história de Roy Lee Dennis, conhecido como Rocky, também parece ter influenciado a narrativa. Rocky, que morreu aos dezesseis anos devido à displasia craniodiafisária, viveu uma história mais dramática, como retratada no filme “Marcas do Destino” (1985) de Peter Bogdanovich. Rocky, diferentemente de Auggie, enfrentava um mundo onde o amor livre da década de 1970 não era tão acessível para alguém com sua condição.

No filme de Chbosky, Auggie é um garoto que vive cercado pelo amor incondicional de sua mãe, Isabel (interpretada por Julia Roberts), que abandona sua carreira como ilustradora de livros infantis e sua tese de mestrado para educá-lo em casa. Eventualmente, Isabel decide que Auggie está pronto para frequentar uma escola regular, apesar das objeções de seu pai Nate, vivido por Owen Wilson. A química entre Roberts e Wilson ajuda a manter a narrativa coesa, mesmo nas poucas discordâncias. Chbosky também explora o dilema de Olivia, a irmã mais velha de Auggie, interpretada por Izabela Vidovic, que lida com o ressentimento de estar sempre em segundo plano e a perda de sua avó, uma personagem brevemente interpretada por Sônia Braga.

“Extraordinário” sugere que a inclusão de Auggie em uma escola convencional, apesar dos desafios, era a decisão correta. Ele enfrenta o bullying, abordado com seriedade pelo diretor Tushman (Mandy Patinkin), e forma amizades verdadeiras e outras nem tanto. Jacob Tremblay, que interpreta Auggie, entrega uma performance notável, transmitindo a complexidade emocional de um garoto que anseia por aceitação enquanto lida com suas inseguranças. Tremblay é a alma do filme, trazendo profundidade e sensibilidade ao personagem, refletindo as nuances de uma vida cheia de desafios e conquistas.

Se o filme tivesse se concentrado ainda mais em Auggie, “Extraordinário”, na Netflix, poderia alcançar um nível ainda mais elevado de profundidade emocional. A história já destaca a importância da empatia e da aceitação, mas há uma sensação de que há ainda mais a explorar na jornada de Auggie. Mesmo assim, o filme é uma celebração tocante da resiliência e da capacidade humana de encontrar beleza e significado em meio às adversidades.


Filme: Extraordinário
Direção: Stephen Chbosky
Ano: 2017
Gênero: Drama
Nota: 9/10