Filme que arrecadou 2,5 bilhões nas bilheterias é o mais assistido da atualidade na Netflix, em 100 países Jonathan Wenk / Paramount Pictures

Filme que arrecadou 2,5 bilhões nas bilheterias é o mais assistido da atualidade na Netflix, em 100 países

Robôs espaciais gigantes estão aprisionados na Terra, e, enquanto não conseguem voltar para a esquina cósmica de onde saíram, deparam-se com outros alienígenas, esse, sim, verdadeiramente perigosos. Eles servem a um deus tão perverso e tão grande que arrasa planetas inteiros para manter-se vivo. 

Único longa da franquia sem a chancela de Michael Bay, “Transformers: Rise of the Beasts” (“o despertar das feras”, em tradução literal) prima pela mesma carga de entretenimento despretensioso e nonsense das seis produções anteriores, baseadas nos brinquedos desenvolvidos pela Hasbro, incluindo-se “Bumblebee”, no qual Travis Knight contrabalança ação e cenas inspiradoras, mérito seu e de uma heroína improvável. 

Steven Caple Jr. refresca a memória do espectador voltando a Bay a fim de explicar B-127, um Autobot caído em desgraça que precisa deixar Cybertron, escapando de uma horda de Decepticons, os autômatos do mal. Existem uns poucos lugares na galáxia onde B-127 pode se esconder, e a Terra, com seus oito bilhões de pessoas em cerca de 150 milhões de quilômetros quadrados, parece-lhe o mais conveniente. A partir daí, Joby Harold, Darnell Metayer e Josh Peters acrescentam outros elementos à história, até que “Rise of the Beasts” voa com as próprias asas. 

Noah Diaz, um ex-especialista em segurança militar entrega currículos em centros comerciais de uma Nova York entregue à bandidagem, ávido por perspectivas de um emprego que permita-lhe ajudar no tratamento de Kris, o irmão caçula, de Dean Scott Vazquez. Depois de arrumar-se com apuro, atravessa a cidade com o garoto, com quem segue para o hospital depois de saber que sua entrevista fora cancelada devido a uma informação sobre o passado de Noah a que o superintendente do edifício tivera acesso. 

Esse prólogo tão cheio de insinuações ancora quase tudo o que passa a acontecer na trama, diga ou não respeito ao anti-herói, que decide entrar para a gangue de Reek, o amigo de infância interpretado por Tobe Nwigwe, e roubar o Porsche prata que, claro, abriga Optimus Primal, o Autobot dublado com providencial brejeirice por Ron Perlman. Enquanto isso, no Museu Nacional de Imigração de Ellis Island, do outro lado do Hudson, a estagiária Elena, vira a noite tentando identificar a origem de uma escultura com traços pré-colombianos — a Chave Transwarp que pode significar tanto a salvação como a derrocada final dos Transformers. Numa crítica entre sutil e atordoadora, Caple Jr. reúne esses dois jovens negros, já habituados a sua invisibilidade social, na grande batalha a que aderem, na virada do segundo para o terceiro ato, pela libertação de Cybertron, metáfora que poderia restar inócua não fosse força de persuasão de Anthony Ramos e Dominique Fishback, talentos acima da média em filmes dessa natureza.


Filme: Transformers: Rise of the Beasts
Direção: Steven Caple Jr. 
Ano: 2023
Gêneros: Ficção científica/Ação 
Nota: 8/10