Filha do renomado cineasta indiano M. Night Shyamalan, Ishana Shyamalan, de 25 anos, faz sua estreia na direção de um longa-metragem com o suspense “Os Observadores”, baseado no livro homônimo de A.M. Shine. O roteiro encontra na vastidão dos folclores e lendas nórdicos sua premissa. No entanto, a história explora de maneira pouco satisfatória todas as peculiaridades, os mistérios e a profundidade dos mitos em torno dos seres da floresta, mas o talento de Ishana claramente pode ser potencializado com a experiência e prática.
No enredo, Dakota Fanning é Mina, uma jovem estadunidense que trabalha em uma loja de animais em Galway, na Irlanda. Incumbida de levar uma ave rara até um zoológico em uma cidade próxima a Dublin. Ela pretende realizar sua tarefa em um dia dirigindo de carro pelas paisagens fabulosas e extraordinárias do país. Nesse quadro pintado pela beleza natural do cenário nórdico, a história de Ishana encontra o repouso certo para fazer sua mágica acontecer, afinal, o enredo é sobre um mundo fantástico e além da imaginação.
Mina é uma mulher traumatizada por um passado que se revela gradualmente, mas sabemos que ela perdeu sua mãe há 15 anos e isso se tornou um peso irremovível de sua vida. Ela tem uma irmã gêmea, chamada Lucy, que tenta constantemente se comunicar com ela, mas sempre sem sucesso. No meio do trajeto para levar entregar a ave, Mina se perde no meio de uma floresta, quando sua internet sai do ar, o GPS buga completamente e o carro para de funcionar. Rodeada de árvores, o cenário parece perfeito para se tornar uma presa de animais selvagens ou demônios.
Mina sai perambulando com a ave engaiolada na mão em busca de uma saída daquela floresta densa e solitária. Quando avista um vulto de uma pessoa se esgueirando por entre as árvores, Mina não se afasta ou sente medo. Pelo contrário, corre atrás da pessoa em busca de respostas. Afinal, onde ela está? Como sair dali?
Uma mulher misteriosa de cabelos longos e alvos como neve, a guia até um bunker feito de vidro, chamado “Poleiro”. No lugar, vivem, além de Madeleine (Olwen Fouéré), a mulher de cabelos brancos, outras duas pessoas: Danny (Oliver Finnegan) e Ciara (Georgiana Campbell). Mina descobre que cada um deles se perdeu há um período de tempo diferente na floresta. Eles sobrevivem graças aos ensinamentos de um precursor, chamado por Professor ou Kilmartin (John Lynch).
As lições dizem que seres mágicos e demoníacos, chamados “Observadores”, gostam de ir até a casa de espelho observar os humanos, como em um reality show. Eles são sensíveis à claridade e, por isso, só aparecem depois do pôr-do-sol para observar esse grupo de pessoas perdidas, como eles se comportam e como eles são fisicamente.
Para sobreviver, os humanos precisam seguir uma série de regras estabelecidas pelos Observadores e descoberta graças à experiência do Professor. O problema é que Madeleine, Danny e Ciara estão presos na floresta há meses e Mina não pretende ficar ali por muito tempo. Então, ela irá desafiar as regras para tentar escapar das criaturas misteriosas, horripilantes e furtivas soltas à noite.
Enquanto Ishana explora temas de voyerismo, individualidade, sociedade do entretenimento e, em momentos, parece até mesmo uma alusão à superação do luto, o filme confunde os expectadores por causa de sua falta de elaboração mais robusta dos objetivos e diálogos mais perspicazes, deixando o talentoso elenco à deriva, e o público, mais ainda.
Se há beleza na fotografia, os efeitos visuais carecem de originalidade e de um tom mais assustador. Não há um único momento no filme em que sentimos medo, angústia ou alguma emoção mais contundente. Sempre estamos à beira do tédio. “Os Observadores” é cheio de ambição e um projeto audacioso, mas que entrega pouco do que promete.
Filme: Os Observadores
Direção: Ishana Shyamalan
Ano: 2024
Gênero: Fantasia/Terror/Mistério
Nota: 8/10