Assista na Netflix: a obra-prima de Tom Hanks que redefiniu o cinema e é um dos melhores filmes já feitos Divulgação / Columbia Pictures

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No filme “Capitão Phillips” (2013), dirigido por Paul Greengrass, há um destaque significativo no uso de técnicas de docudrama para criar uma atmosfera de autenticidade. Greengrass, conhecido por sua habilidade em docudramas, utiliza a câmera na mão e imagens noturnas sem tratamento para gerar um efeito granulado típico de documentários. Além disso, a escolha de um elenco em grande parte amador e desconhecido adiciona uma camada extra de realismo e tensão à narrativa.

Greengrass se consolidou como um dos principais narradores de histórias cinematográficas envolvendo grandes tragédias ou eventos quase catastróficos. Em “Capitão Phillips”, que se baseia em eventos reais, ele demonstra essa habilidade ao retratar a dramática história do comandante do navio de carga MV Maersk Alabama, Richard Phillips. Em 8 de abril de 2009, durante uma missão de entrega de alimentos, o navio de Phillips é atacado por piratas somalis. Inicialmente, Phillips consegue evitar a captura, mas os piratas retornam e invadem o navio, desencadeando uma série de eventos tensos e imprevisíveis.

Os primeiros vinte minutos do filme estabelecem um ritmo acelerado e envolvente, com Phillips e a tripulação enfrentando uma ameaça constante. A captura e a subsequente interação entre Phillips e Muse, o líder dos piratas interpretado por Barkhad Abdi, criam um jogo psicológico intenso. Mesmo subjugado, Phillips tenta minar a autoridade dos piratas, que começam a perder o controle sobre os marinheiros.

Embora “Capitão Phillips” não tenha a intenção explícita de fazer um comentário social, Greengrass habilmente constrói um pano de fundo sociológico para os piratas. Eles não são apenas criminosos, mas também vítimas de um país dilacerado por pobreza extrema, liderança religiosa opressiva e conflitos contínuos. Essa camada adicional de contexto faz com que o público sinta um misto de repulsa e compaixão pelos piratas.

A interação entre Abdi e Tom Hanks, que interpreta Phillips, é um dos pontos altos do filme. Hanks, com sua vasta experiência em papéis complexos, como visto em “Apollo 13”, “O Resgate do Soldado Ryan” e “O Náufrago”, traz uma profundidade significativa ao personagem. A naturalidade de Abdi complementa perfeitamente a performance de Hanks, criando uma dinâmica poderosa que mantém a audiência cativada.

No entanto, a introdução do filme, onde Phillips é levado ao aeroporto por sua esposa, interpretada por Catherine Keener, parece um tanto forçada e desnecessária. Essa cena, embora tenha a intenção de humanizar Phillips como um homem de família, poderia ser considerada supérflua, já que sua humanidade é revelada através de suas ações ao longo da trama.

A inexperiência dos piratas é evidente ao longo do filme. A reação de Muse ao descobrir que o cofre do navio contém apenas trinta mil dólares é especialmente pungente. Mesmo diante da possibilidade de um resgate pequeno, os piratas continuam determinados, levando a um clímax tenso onde Phillips, mantendo sua compostura, enfrenta a situação desesperadora.

O filme culmina em um desfecho emocionante, onde Phillips tenta uma fuga arriscada e é finalmente resgatado. Muse, capturado e destinado a uma prisão nos Estados Unidos, representa uma vitória amarga — uma fuga da miséria somali para a reclusão americana. Phillips, após um período de recuperação, retorna ao seu trabalho, simbolizando a resiliência e coragem humanas.

“Capitão Phillips” destaca-se como uma narrativa envolvente e cheia de reviravoltas, acendendo uma luz na escuridão com a história de um homem enfrentando adversidades extremas. Paul Greengrass, com sua habilidade em criar tensão e autenticidade, entrega uma das histórias mais cativantes e dinâmicas do cinema contemporâneo.


Filme: Capitão Phillips
Direção: Paul Greengrass
Ano: 2013
Gênero: Thriller/Ação
Nota: 10/10