Último filme do anti-herói mais amado do cinema está no Prime Video Divulgação / Lions Gate Films

Último filme do anti-herói mais amado do cinema está no Prime Video

Considerando a qualidade excepcional da atuação de Keanu Reeves em “John Wick 4: Baba Yaga”, é plausível concluir que a franquia ainda tem muito a oferecer, o que, inevitavelmente, levanta algumas questões. Reeves continua mostrando um domínio impressionante daquele que pode ser o personagem mais multifacetado de sua carreira. Com habilidade única, John Wick navega pelos terrenos legais e ilegais, sendo uma figura ao mesmo tempo admirável e sem remorso por sua astúcia, essencial para eliminar adversários com a precisão e rapidez que sua função exige.

Com uma trajetória que alterna entre atuações brilhantes e desempenhos mais modestos, Reeves encontrou no público uma compreensão tácita da complexidade moral de Wick, um criminoso solitário que pode ter perdido a capacidade de perceber a dor que causa, mesmo nas figuras mais desprezíveis. Esta nuance é compartilhada desde o início com Chad Stahelski, o diretor, que mantém uma coesão estilística e temática ao longo da tetralogia. Stahelski, conhecido por suas performances como dublê, inclusive no icônico “O Corvo” (1994), compreende profundamente o que o público espera e entrega isso sem reservas.

O roteiro, escrito por Derek Kolstad, Michael Finch e Shay Hatten, aposta em uma narrativa dinâmica para capturar a atenção do espectador. O antagonista, Marquês de Gramont, está determinado a eliminar Wick, e os roteiristas usam esse conflito para revisitar os eventos que alimentam essa inimizade, incluindo a ameaça de morte de Winston Scott, interpretado por Ian McShane, que traz um mix de traços de um vigarista e um homem atormentado por memórias dolorosas. Bill Skarsgård faz um contraponto interessante ao anti-herói de Reeves, embora não tenha espaço suficiente para aprofundar seu papel.

No início do filme, Wick encontra-se no Japão em busca de Shimazu, chefe do Osaka Continental, interpretado por Hiroyuki Sanada, e logo em seguida enfrenta dificuldades com Caine, o assassino cego da Mesa Principal, vivido por Donnie Yen. Laurence Fishburne aparece esporadicamente como Bowery King, fornecendo ao aliado novas vestimentas à prova de balas. Em outro ponto, Tracker, conhecido como Ninguém, observa Wick, esperando lucrar com sua captura. Assim como Skarsgård, Shamier Anderson quase se torna irrelevante, apesar de seu talento inegável.

 Isso reforça a ideia de que “John Wick 4: Baba Yaga” é uma história com fórmula fixa, funcionando mais como uma vitrine para Reeves do que para os demais personagens, embora seja uma vitrine suntuosa, realçada pela magnífica fotografia de Dan Laustsen, que, como Stahelski, é apaixonado por seu ofício, evidente em trabalhos como “A Forma da Água” (2017) e “O Beco do Pesadelo” (2021), de Guillermo del Toro. Detalhes que talvez passem despercebidos aos menos atentos, mas que são cruciais para a marca de violência estilizada e convincente da série e de seu protagonista.


Filme: John Wick 4: Baba Yaga
Direção: Chad Stahelski
Ano: 2023
Gêneros: Ação/Mistério
Nota: 9/10