Fenômeno de bilheteria, ganhador de 7 Oscars é considerado o melhor filme da última década, no Prime Video Divulgação / Universal Pictures

Fenômeno de bilheteria, ganhador de 7 Oscars é considerado o melhor filme da última década, no Prime Video

Há muitas observações críticas a se fazer sobre “Oppenheimer”, junto com alguns elogios ponderados. O filme de Christopher Nolan sobre o físico americano que criou a arma mais destrutiva já inventada é notavelmente previsível, apesar de contar uma história amplamente conhecida pela maioria da população mundial. É prolixo, com uma narrativa que compensa apenas ao final, e apresenta uma sobrecarga de informações que pode confundir o espectador. No entanto, é também um retrato denso e poético da vida de Julius Robert Oppenheimer (1904-1967), o cientista mais influente do século 20 após Albert Einstein (1879-1955), cujas contribuições foram essenciais para a realização do projeto que Nolan aborda. Assim como os estudos de Isaac Newton (1643-1727) e Hendrik Lorentz (1853-1928) influenciaram as teorias da relatividade de Einstein, as ideias de Oppenheimer foram fundamentais para o avanço da física no século passado.

Apesar de ser uma obra imersa na tecnologia, a verdadeira força de “Oppenheimer” reside nas relações humanas e nas nuances emocionais. Baseado no livro de Kai Bird e Martin Jay Sherwin (1937-2021), “Oppenheimer: O Triunfo e a Tragédia do Prometeu Americano”, vencedor do Prêmio Pulitzer, o filme destaca-se pelos rostos, risadas, gritos e olhares que trazem clareza à angústia do protagonista. Nolan revisita momentos decisivos da vida de Oppenheimer, como se estivesse atraído por uma tempestade solar que ilustra o início do filme. Esse Prometeu moderno, que compartilha o conhecimento com o mundo, foi inicialmente um estudante desajeitado, encontrando seu caminho por esforço próprio, uma sensação de inadequação que Nolan enfatiza com close-ups intensos do ator principal.

Os grandes olhos claros de Cillian Murphy dominam as cenas, mesmo quando Oppenheimer, já um respeitado cientista, enfrenta os ataques da Comissão de Energia Atômica do Senado americano, liderada pelo almirante Lewis Strauss (1896-1974), um republicano da Virgínia Ocidental. Nolan separa esta fase de declínio moral da brilhante trajetória científica de Oppenheimer com o uso do preto e branco por Hoyte van Hoytema, que também faz excelente uso do IMAX nas cenas dos experimentos que levaram à criação da bomba de fissão nuclear, um marco na história recente.

A complexa relação entre Oppenheimer e Strauss, interpretado por Robert Downey Jr., é o eixo central da narrativa de Nolan. Inicialmente um admirador da carreira do físico, Strauss desenvolve uma aversão inexplicável a Oppenheimer, que a atuação diligente de Downey Jr. explora com profundidade. Este conflito culmina em prêmios de Melhor Ator e Melhor Ator Coadjuvante no Oscar, além das estatuetas de Melhor Filme e Melhor Diretor.

“Oppenheimer” gira em torno de duas datas chave: 1º de setembro de 1939, com a invasão alemã à Polônia e a descoberta da fissão do átomo, e 21 de dezembro de 1953, quando a AEC formaliza 34 acusações contra Oppenheimer, principal colaborador para o fim da Segunda Guerra Mundial com os bombardeios de Hiroshima e Nagasaki em agosto de 1945. Julius Robert Oppenheimer, falecido aos 62 anos em 18 de fevereiro de 1967, deixou um legado de incompreensão e difamação. Sua morte por câncer de laringe foi apenas um detalhe em uma vida marcada por contribuições científicas e controvérsias políticas.


Filme: Oppenheimer 
Direção: Christopher Nolan  
Ano: 2023 
Gênero: Drama/Suspense 
Nota: 9/10