Inspirado em jogo, filme marcou estreia de Rihanna nos cinemas está na Netflix Divulgação / Universal Pictures

Inspirado em jogo, filme marcou estreia de Rihanna nos cinemas está na Netflix

Seria um tremendo choque para qualquer civilização que invadisse a litosfera constatar que seguimos a queimar petróleo e carvão mineral em automóveis e fábricas, gerando a massa de gás carbônico que, mais cedo ou mais tarde, há de matar-nos a todos; ou mandando jovens para velhos conflitos que se arrastam por décadas, sem nenhuma perspectiva de resolução; ou, ainda, que haja quem embolse o dinheiro que deveria ir para escolas e hospitais, um dos jeitos mais eficientes de se contornar esses obstáculos.

Feita essa ponderação, “Battleship — A Batalha dos Mares” é uma tentativa lúdica, um tanto ingênua, de se especular acerca de como nos sairíamos diante de um perigo intergaláctico. O longa de Peter Berg pula de uma ficção científica protocolar para uma chanchada plena de lances cômicos, ainda que nem sempre assumidos, mormente no terceiro ato. A controversa metamorfose proposta pelos roteiristas Erich e Jon Hoeber leva o público por essas insinuações de cenários aterrorizantes, para os quais, segundo os irmãos, estamos preparados e que não serão capazes de nos destruir. Tomara que nunca precisemos tirar a prova.

Alex Hopper faz a segunda coisa de que mais gosta na vida e enche a cara com o irmão, o fuzileiro naval Stone, com a desculpa de comemorar mais um aniversário. Ele vai se entregar a seu passatempo favorito em instantes, quando avista do outro salão uma loira escultural que implora por um burrito de frango, mas o expediente na cozinha já foi encerrado.

Samantha Shane, a filha do almirante da frota em que Stone serve, fica a ver navios, mas não por muito tempo: Alex se oferece para, em cinco minutos, trazer o lanche que há de conter a fúria da donzela, e cruza a rua, em direção à loja de conveniência, que também está fechando. A confusão desse segmento presta-se a cativar que assiste, em especial depois que Berg sela o destino dos personagens de Taylor Kitsch, Alexander Skarsgård e Brooklyn Decker, o trampolim para que chegue onde queria, afinal.

Em alguma esquina do Atlântico, Alex, agora um oficial da Marinha americana a bordo de um destróier, e sem o irmão, detectacinco espaçonaves alienígenas em nosso sistema solar. Uma delas emerge das profundezas do oceano, e investe contra a embarcação, cujos dispositivos, altamente tecnológicos, não tem poder algum sobre os intrusos.

A sargento Cora “Weps” Raikes de Rihanna e outros dois marinheiros respondem com uma rajada de metralhadora num bote inflável, e esse é mais um gancho de que o diretor se vale para chamar à cena um pelotão de veteranos septuagenários, os únicos a conseguir operar o velho bombardeiro parado há décadas. O que se vê a seguir é o que o longa deveria ter sido desde o começo: uma partida despretensiosa do jogo de propriedade da Hasbro. Como na brincadeira, nós somos nossos próprios adversários.


Filme: Battleship — A Batalha dos Mares
Direção: Peter Berg
Ano: 2012
Gêneros: Ficção científica/Ação
Nota: 8/10

Giancarlo Galdino

Depois de sonhos frustrados com uma carreira de correspondente de guerra à Winston Churchill e Ernest Hemingway, Giancarlo Galdino aceitou o limão da vida e por quinze anos trabalhou com o azedume da assessoria de políticos e burocratas em geral. Graduado em jornalismo e com alguns cursos de especialização em cinema na bagagem, desde 1º de junho de 2021, entretanto, consegue valer-se deste espaço para expressar seus conhecimentos sobre filmes, literatura, comportamento e, por que não?, política, tudo mediado por sua grande paixão, a filosofia, a ciência das ciências. Que Deus conserve.