Numa galáxia não muito longe daqui, um povo escraviza civilizações valendo-se da força. Dotado de um exército diferente de qualquer outro, essas criaturas atravessam as estrelas em direção ao SubVerso, sua terra prometida, constelação de novos mundos sombrios. Chefiados pelo Lorde Supremo, o único a cruzar os portões do SubVerso, e regressar, como uma criatura transformada, metade vivo, metade outra coisa, os Necromongers não abrem mão de Helion, o planeta mais rico do sistema de mesmo nome, uma ilha de prosperidade em meio a uma massa de calor e areia, o que dá azo ao mote central de “A Batalha de Riddick”, em que Richard Bruno Riddick, um guerreiro Furion caído em desgraça, empenha-se em sua vingança contra o Lorde Marshal do Império Necromonger.
Interpretado por Vin Diesel, Riddick surge pela primeira vez em “Eclipse Mortal” (2000), pelas mãos do mesmo diretor, David Twohy, e tudo quanto se sabe a seu respeito é narrado por Aereon, uma feiticeira sete dias mais nova que o universo, encarnada por Judi Dench. A distopia de Twohy, com roteiro dele junto com os irmãos Jim e Ken Wheat, elabora um apocalipse travado por dois braços de um mesmo organismo, ambos fascistoides, prezando pela velha máxima do mal menor, representado pelo anti-herói de Diesel. Mas essas minudências semânticas passam quase despercebidas, pinceladas aqui e ali nos cenários de Kevin Ishioka, Sandi Tanaka e Mark W. Mansbridge.
Riddick derrota sozinho um navio de guerra Necromonger, enquanto luta por sua sobrevivência em Crematórios, em seu exílio de Helion, um lugar onde o sol inclemente fulmina tudo a cada quarto de hora — malgrado ninguém jamais explique como o ar se mantém respirável. O Lorde Marshal de Colm Feore é o tirano da vez, e Aereon, a veterana entre os Elementais, observa a ruína que se apodera de tudo, sem que nenhuma outra grande serventia na trama que não seja imprimir algum sinal de confiança por meio de sua intérprete.
Este é um filme eminentemente visual, em que a computação gráfica tem o papel de catalisar os sentimentos que histórias assim despertam. O desconforto fundamental de Riddick fica patente, por exemplo, nos golpes rápidos que desfere contra um adversário e o seguinte, lances que o diretor fragmenta o quanto pode, como se vê nas histórias em quadrinhos, também remetendo o espectador à franquia “Matrix” (1999-2021), de Lana e Lilly Wachowski. Nada muito original, mas efetivo.
Filme: A Batalha de Riddick
Direção: David Twohy
Ano: 2004
Gêneros: Ficção científica/Ação
Nota: 7/10