O cinema pode ser um refúgio, onde encontramos mundos fantásticos e irreais, mas também pode refletir nossa realidade, nossas emoções e experiências. Ele nos faz repensar nossas vidas e entender novas perspectivas. Filmes que nos fazem enfrentar nossos medos e traumas podem ser difíceis de assistir, mas também podem abrir nossos olhos para aspectos de nós mesmos que estávamos ignorando.
Filmes ambientados em clínicas de reabilitação muitas vezes revelam verdades duras e chocantes. Exemplos incluem “Bicho de Sete Cabeças”, “Garota, Interrompida” e “Um Estranho no Ninho”, que oferecem uma visão realista e, às vezes, devastadora da vida em tais instituições. No entanto, há filmes que abordam esse tema de maneira mais leve e otimista, como “Se Enlouquecer, Não Se Apaixone” e “28 Dias”, que podem ser exatamente o que precisamos para encontrar um caminho para a cura interior.
Embora filmes não substituam a terapia, eles podem nos ajudar a enxergar aspectos de nós mesmos que preferimos evitar. “28 Dias”, uma comédia de Betty Thomas lançada nos anos 2000, conta a história de Gwen (Sandra Bullock), uma jornalista alcoólatra que, após arruinar o casamento de sua irmã enquanto bêbada, rouba a limusine da noiva e acaba colidindo com uma casa. Para evitar a prisão, Gwen é mandada para uma clínica de reabilitação, onde encontra residentes excêntricos que a ajudam a aprender valiosas lições.
O alcoolismo de Gwen é apenas uma de suas falhas. Ela é egoísta, teimosa e rebelde. O tempo na clínica a força a confrontar não só seu vício, mas também suas imperfeições pessoais. A cura exige sacrifícios e perdas. Gwen precisa se adaptar às regras da clínica, realizar tarefas diárias básicas e resistir às visitas de seu namorado, Jasper (Dominic West), também alcoólatra.
“28 Dias” se destaca entre as comédias dos anos 2000, como “Meninas Malvadas”, “Como Perder Um Homem em 10 Dias” e “Casamento Grego”, todas marcantes no gênero. Sandra Bullock, durante esse período, teve uma carreira prolífica em comédias românticas, conquistando o público.
Essa comédia, baseada em estudos sobre o cotidiano em clínicas de recuperação e inspirada em histórias reais, oferece humor, boas atuações e leveza, mesmo tratando de temas densos. Ao longo da recuperação de Gwen, o filme utiliza flashbacks para mostrar sua infância, revelando que seu problema com álcool tem raízes profundas, observando sua mãe passar pelas mesmas dificuldades. O filme evita aprofundar demais nos traumas para manter a comicidade, mas levanta questões importantes sobre a influência dos pais na vida dos filhos, a possível hereditariedade dos vícios e a importância do apoio emocional durante a recuperação.
“28 Dias”, na Netflix, é uma comédia sensível e tocante, ideal para assistir com o coração aberto. Ele destaca a importância do apoio emocional e familiar na superação dos vícios e deixa uma mensagem de esperança e amor.
Filme: 28 Dias
Direção: Betty Thomas
Ano: 2000
Gênero: Comédia / Drama
Nota: 8/10
