Suspense com John Malkovich vai fazer seus olhos saltar para fora do rosto, na Netflix Divulgação / Lions Gate Films

Suspense com John Malkovich vai fazer seus olhos saltar para fora do rosto, na Netflix

Os thrillers investigativos, mesmo repletos de clichês, costumam oferecer momentos interessantes e divertidos, enquanto tentamos desvendar enigmas que muitas vezes parecem previsíveis. “Gaiola Mental” se beneficia desse formato, embora de maneira um tanto superficial e frívola. A premissa é envolvente, apesar de claramente inspirada em “O Silêncio dos Inocentes”.

A história gira em torno de uma detetive que precisa da ajuda de um assassino em série para capturar outro criminoso. Mary (Melissa Roxburgh), uma investigadora da polícia, assume um caso complexo e desafiador. Um assassino misógino está perseguindo prostitutas, matando-as e transformando seus corpos em representações angelicais. As cenas do crime são elaboradas artisticamente e remetem ao modus operandi de um antigo serial killer conhecido como “O Artista” (John Malkovich), que também criava cenários semelhantes, deixando objetos pessoais das vítimas ao lado dos corpos, seguindo uma antiga prática funerária.

Com uma legião de admiradores que acompanhavam seu trabalho e lhe enviavam cartas entusiásticas, o imitador de “O Artista” poderia ser qualquer pessoa. No entanto, objetos ligados ao assassino original são encontrados nos locais dos crimes atuais.

Mary é uma personagem forte e determinada, que não permite que o caso a afete pessoalmente. Ela não demonstra compaixão pelas vítimas, angústia pessoal, problemas de autoconfiança, moralidade ou questionamentos filosóficos sobre seu trabalho. Isso pode ser problemático, pois, como seres humanos, somos naturalmente questionadores, sempre em busca de respostas. Ignorar esse aspecto é perder a profundidade do que realmente importa.

O filme perde força intelectual ao não abordar questões mais profundas, fazendo com que a protagonista pareça unidimensional, sem emoções. Não conhecemos suas fraquezas, apenas suas virtudes, o que não é realista. Por outro lado, seu parceiro, Jake (Martin Lawrence), serve como seu contraponto. Ele é um homem atormentado pelo caso de “O Artista”, traumatizado pelo seu trabalho, retornando ao seu pesadelo. Apesar do talento de Martin Lawrence, a escrita de seu personagem é tão forçada que impede uma interpretação convincente do tormento de Jake.

John Malkovich, também um ator talentoso, muitas vezes deixa dúvidas se seu papel é sério ou satírico, sempre oscilando entre os dois. Em “Gaiola Mental”, na Netflix, sua atuação parece mais uma sátira do que uma representação séria. A raiz dos problemas do filme está no roteiro. Ainda assim, “Gaiola Mental” não é totalmente ruim. Ele cumpre seu papel de entretenimento, não é cansativo e nem excessivamente óbvio. Apesar de suas falhas, entrega o básico: diversão.


Filme: Gaiola Mental
Direção: Mauro Borrelli
Ano: 2022
Gênero: Drama/Suspense/Policial
Nota: 8/10