Sequência do maior fenômeno de bilheteria de Steven Spielberg, filme na Netflix arrecadou 1,6 bilhão nos cinemas Chuck Zlotnick / Universal Pictures

Sequência do maior fenômeno de bilheteria de Steven Spielberg, filme na Netflix arrecadou 1,6 bilhão nos cinemas

Steven Spielberg talvez seja, entre os grandes diretores de Hollywood, o que melhor combina a habilidade para criar sucessos de bilheteria com a necessidade de contar histórias inusitadas, até absurdas, sempre com uma pitada de ciência. “Jurassic World — O Mundo dos Dinossauros” segue a mesma linha de “E.T. O Extraterrestre” (1982) e “A. I. — Inteligência Artificial” (2001), sem esquecer das aventuras do icônico arqueólogo de “Indiana Jones” e, em uma abordagem mais extrema, de “A Guerra dos Mundos” (2005), inspirado no romance de H. G. Wells.

Este último filme, ao contrário de “E.T.”, ressalta a necessidade de combater qualquer forma de vida que não seja humana, pois estas também aspiram por nos subjugar ou destruir. Em 1993, Spielberg lançou o primeiro filme de uma franquia que se tornou um ícone da ficção científica, e em 2015, mais de duas décadas depois, Colin Trevorrow apresentou sua interpretação do interesse do público pelo destino da humanidade frente a criaturas gigantescas e furiosas que não mais pertencem ao nosso mundo.

“Jurassic World”, na Netflix, pouco retém das histórias de Michael Crichton, o que não é necessariamente um ponto negativo. Enredos complexos como o deste filme, com múltiplas possibilidades narrativas, abrem espaço para inúmeras abordagens e a aparição de vários personagens. O roteiro de Trevorrow, em colaboração com outros roteiristas, adota essa flexibilidade.

A decisão de começar com uma introdução mais lenta é acertada, considerando o turbilhão de subtramas que dominam a narrativa após o primeiro ato. As juras de amor eterno, um tanto ingênuas, de Zach, o adolescente interpretado por Nick Robinson, são um exemplo de como o diretor quer conduzir seus personagens. Zach e Gray, seu irmão mais novo, interpretado por Ty Simpkins, chegam ao aeroporto Juan Santamaría, na Costa Rica, e seguem para Nublar, a ilha dos dinossauros, administrada pela tia Claire.

Bryce Dallas Howard traz leveza ao ambiente altamente tecnológico do parque, que é uma versão atualizada do filme original de Spielberg, com modernas tecnologias cibernéticas. Enquanto uma grua percorre os habitats das espécies, a trilha sonora de Michael Giacchino revive memórias para aqueles que assistiram ao filme décadas atrás.

Os meninos deixam a casa para que os pais tentem resolver seus problemas, mostrando que as crianças ainda sofrem as consequências das decisões dos adultos. São recebidos por Claire, uma profissional dedicada, sem muita celebração, embora Gray demonstre um grande interesse pelos dinossauros, refletindo seu amor e conhecimento sobre as criaturas.

Claire reconhece que os dinossauros se tornaram comuns, e a necessidade de renovar constantemente o parque para manter o interesse do público é um caminho para o desastre. Trevorrow usa elementos de Hitchcock para construir o suspense que acompanha o terror das criaturas pré-históricas soltas, ameaçando a segurança e a consciência dos humanos.

Naturalmente, surge um salvador das trevas, e esse papel é ideal para Chris Pratt, cujo personagem Owen, além de ser carismático, também desperta afeição nos dinossauros e na personagem de Howard. Ela, seguindo o espírito do tempo, responde aos seus sentimentos sem sacrificar a carreira, e talvez até fique com a guarda dos sobrinhos. Mas isso é um tema para um futuro “Jurassic World”.


Filme: Jurassic World — O Mundo dos Dinossauros
Direção: Colin Trevorrow
Ano: 2015
Gêneros: Thriller/Ficção Científica/Aventura/Ação
Nota: 8/10