Ganhador de 3 Oscars, filme levou 300 milhões de pessoas aos cinemas e lucrou mais de 1 bilhão nas bilheterias, na Netflix Divulgação / Universal Pictures

Ganhador de 3 Oscars, filme levou 300 milhões de pessoas aos cinemas e lucrou mais de 1 bilhão nas bilheterias, na Netflix

Steven Spielberg é notável pela habilidade em identificar e explorar temas que ressoam com o público, convertendo ideias inusitadas em sucessos estrondosos. Sua sensibilidade em captar o espírito do tempo e intuir os anseios do público, combinada com a capacidade de transformar histórias aparentemente absurdas em fenômenos culturais e lucrativos, fez dele um diretor incansável e rentável. Um dos pontos altos de sua carreira foi “Jurassic Park — Parque dos Dinossauros”, que se seguiu ao sucesso de “Tubarão” em 1975. Spielberg, com sua visão singular, trouxe à vida não apenas uma, mas várias criaturas pré-históricas em um filme que se tornou um marco do entretenimento, revelando seu talento em equilibrar estética e bilheteria.

A adaptação do roteiro de Michael Crichton e David Koepp para “Jurassic Park” preserva a essência das histórias originais de Crichton, publicadas nos anos 90. Mesmo com as inevitáveis mudanças e expansões ao longo dos anos, o filme mantém sua narrativa robusta, cheia de possibilidades e rica em personagens diversificados. O enredo se desenrola na fictícia ilha Nublar, um cenário que, apesar das modificações, permanece central à saga, especialmente resgatado com sucesso em “Jurassic World” de Colin Trevorrow em 2015.

No coração desta trama está John Hammond, um empresário irlandês que transformou um circo de pulgas em um império e, com um tino comercial extraordinário, criou o parque dos dinossauros. Hammond, interpretado por Richard Attenborough, traz para seu parque várias figuras chave: o advogado dos investidores, Donald Gennaro (Martin Ferrero); a paleobotânica Ellie Sattler (Laura Dern); o arqueólogo Alan Grant (Sam Neill); e o matemático Ian Malcolm (Jeff Goldblum). Todos são recebidos com ceticismo pelos investidores e a comunidade científica, mas sua presença é essencial para validar a viabilidade do parque.

Os problemas começam quando Sattler, Grant e Malcolm avistam uma manada de braquiossauros, pastando em meio a sequoias gigantes – uma das cenas mais memoráveis e emotivas do filme. A melancolia dos dinossauros, revividos em um mundo que já não é mais deles, é palpável, como pássaros em uma gaiola dourada.

O filme explica de maneira didática e inesquecível como os cientistas do parque conseguiram o milagre de trazer os dinossauros de volta: extraindo DNA de um dinossauro de um mosquito preservado em âmbar por 65 milhões de anos e preenchendo as lacunas genéticas com DNA de batráquios. Este detalhe é crucial para entender como, mesmo criando apenas fêmeas, o parque saiu de controle.

Os dinossauros, quase como uma vingança contra a humanidade por interromper seu longo sono, perseguem os protagonistas: Sattler, Grant, Malcolm, Gennaro e os sobrinhos de Hammond, Tim (Joseph Mazzello) e Lex (Ariana Richards). Spielberg utiliza essas situações de perigo para inserir reflexões filosóficas que, apesar de óbvias hoje, eram impactantes à época. “Eu não poupo despesas”, afirma o personagem de Attenborough, e a natureza, implacável, não poupa a humanidade.

“Jurassic Park”, na Netflix, não é apenas um filme sobre dinossauros; é uma obra que aborda temas profundos sobre a relação do homem com a natureza, a ética na ciência e as consequências imprevistas de brincar de Deus. Spielberg, com sua habilidade inigualável, transformou um conceito inusitado em um clássico que continua a fascinar e provocar reflexão, décadas após seu lançamento.


Filme: Jurassic Park — Parque dos Dinossauros
Direção: Steven Spielberg
Ano: 1993
Gêneros: Ficção científica/Aventura/Terror/Ação
Nota: 9/10