Ficção científica que custou 100 milhões de dólares à Netflix e que é a grande aposta de 2024 Divulgação / Netflix

Ficção científica que custou 100 milhões de dólares à Netflix e que é a grande aposta de 2024

Jennifer Lopez é um tipo de artista completo que mostra que seu sucesso não foi criado por algum produtor ou comprado. Ela é realmente supertalentosa e versátil e uma das provas disso é seu novo sucesso na Netflix, “Atlas”. Embora tenha recebido algumas críticas negativas, o pastiche tem suas qualidades. Uma dela é Lopez, já que sua personagem, Atlas, é daquelas que carregam o filme sozinha.  E ela a encarna com toda a angústia e coragem que a definem.

Você percebeu que “Atlas” leva o nome de sua protagonista e, em grande parte das cenas, ela é tudo que vemos. Sua maior interação ao longo do filme é com uma inteligência artificial chamada Smith (Gregory James Cohan). A relação da protagonista com a A.I. é controversa. Atlas não confia plenamente nelas e por um bom motivo: grande parte da humanidade foi destruída por uma delas, o vilão Harlan (Simu Liu).

Apesar disso, a humanidade está completamente envolvida com a inteligência artificial, necessitando dela para diversas tarefas, usando-a cotidianamente como ferramenta para facilitar sua vida, integrando-a em diversas facetas de seu cotidiano. O que parece bastante plausível. Harlan está desaparecido a pelo menos 28 anos, quando se lançou espaço sideral afora, deixando o que restou da humanidade afoita e temerosa pelo seu retorno.

Atlas, por sua vez, é a maior autoridade em Harlan que se conhece. Isso, porque sua mãe, Val (Lana Parrilla), uma cientista renomada, foi quem o criou. No entanto, a mãe de Atlas foi uma das mortas pela tragédia que recaiu sobre a Terra e, agora, os humanos precisam encontrar Harlan para poder detê-lo.

Quando um sinal dele e de uma célula de A.I. adormecida, chamada Casca (Abraham Popoola), são detectados em um determinado planeta, uma operação é colocada em plano para investigar e, quem sabe, capturá-los. No entanto, como previa Atlas, Harlan está um passo sempre à frente de seus adversários em todas as suas ações. Quando ela embarca em uma aeronave comandada pelo coronel Elias Banks (Sterling K. Brown), as coisas não saem como planejado e Atlas acaba em uma jornada solitária para combater o inimigo que atormentou seus sonhos por quase três décadas.

Com inúmeras referências a clássicos literários, cinematográficos e, inclusive a jogos de videogame, como “Titanfall”, o filme de direção de Brad Peyton e roteiro de Leo Sardarian e Aron Eli Coleite relembra a disputa entre humanidade e inteligência artificial proposta por outros sucessos, como “Blade Runner”, “Eu, Robô” e “Matrix”. A premissa gira em torno justamente da relação entre homem e máquina, já que Atlas está a todo momento questionando sua confiança em Smith, enquanto depende dele para sobreviver.

Com um orçamento de 100 milhões de dólares, “Atlas”, na Netflix, às vezes, dá espetáculos visuais, enquanto em outros momentos os efeitos parecem baratos, inacabados ou caricatos, em que mais atrapalham do que auxiliam a narrativa. O roteiro acaba não atingindo uma profundidade, explorando as motivações de seus personagens, especialmente do vilão, ficando aquém de outras obras de relevância do gênero.


Filme: Atlas
Direção: Brad Peyton
Ano: 2024
Gênero: Ação/Aventura/Drama
Nota: 8

Fer Kalaoun

Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.