Um telefonema a quem se ama, ouvir uma boa música, comer algo gostoso, ler um ótimo livro, fazer exercícios físicos… são inúmeras as formas de sentir-se bem e reequilibrar dias engolidos por atribuições tantas vezes pesadas. Nada supera, porém, a eficácia de um mergulho no mar na capacidade de revitalizar o corpo e a mente. Os que possuem o privilégio de colocar os pés na areia após o fim do expediente conhecem a mágica que paira sobre cidades de praia.
Há algo de subjetivo e intrigante nessa sensação de paz e liberdade que ecoa do barulho das ondas e reverbera na alma de quem está perto. De certo modo, diante da imensidão do oceano, nos rendemos à deliciosa contradição que faz com que sejamos grandes e pequenos ao mesmo tempo, ora espectadores, ora parte da infinita beleza que salta aos olhos.
Sabe-se lá qual é o mistério que, carregado de sal e espuma, consegue lavar problemas e preencher rachaduras. Mas quem jamais acreditou no poder que vem do mar que atire a primeira barca a Iemanjá. Que bom poder pular sete ondas rendidos à inocência de que assim as coisas vão melhorar. Como é mais linda a lua que toca as águas que aquela que se esconde entre torres de concreto. Feliz de quem pode ver o sol nascer sobre a faixa litorânea, anunciando que a natureza sempre será o último refúgio dos que procuram mais calma que caos.
Haverá, em certos locais, buzinas, semáforos e prédios misturados ao cenário praiano, rompendo o convite à introspecção e ao sossego comum em ambientes bucólicos. Mas até nisso as praias de grandes cidades têm seu charme. No grito do ambulante que oferece mate gelado para o executivo que passa pelo calçadão carioca, nos coqueiros baianos que fazem sombra ao motoboy apressado, na avenida beira-mar de Floripa que refresca o trânsito parado com a magnífica paisagem que envolve as ruas.
Não há retrato mais lindo que o formado por barcos coloridos sobre a cama azul que os sustenta. Não há letreiros luminosos e arranha-céus mais exuberantes que águas cristalinas e areia branca. Em meio a tanta loucura estruturada sobre tecnologia escravizante e engaiolada em escritórios escuros e úmidos, sorte de quem pode estender uma canga, sentar-se de frente para o mar e, ao menos por alguns minutos, temperar a vida com um pouco de tranquilidade. Sorte de quem tem o mar como aliado.