Lançado mundialmente no Full Frame Documentary Film Festival, “Três Canções para Benazir”, na Netflix, levou o Prêmio do Júri de melhor curta-metragem e foi classificado para a disputa oficial do Oscar. Dirigido por Elizabeth Mirzaei e Gulistan Mirzaei, um casal de cineastas que fundaram sua produtora, a Mirzai Films para dar visibilidade para os indígenas do Afeganistão.
No enredo, eles contam a comovente história de Shaista, um jovem morador de um campo de refugiados em Cabul que se casou recentemente com Benazir. Apesar de viverem em um lucal visivelmente devastado pelos horrores da guerra, onde as condições de moradia, alimentação e trabalho são precárias e a morte, seja pelas mãos do exército internacional ou do próprio Talibã, espreita a todo momento.
As expectativas e perspectivas de futuro são raras. Neste cenário de desolação, os cineastas retratam a resistência da humanidade. Shaista está apaixonado por Benazir e busca, com as ferramentas que tem ao seu alcance, que são ínfimas, procurar o melhor caminho para sobreviverem e persistirem.
Shaista não terminou a escola e não sabe responder ao formulário quando decide se alistar ao exército afegão. Encontrando resistência no meio de seu próprio grupo, ele se lança em uma empreitada de muitos riscos e muitos desafios. O maior deles, a distância de Benazir.
Na fotografia crua e realista do filme, nos sentimos mais próximos da realidade dos personagens. Somos transportados para um ponto de vista que diferente, que nos mostra que ainda há centelha de vida, e de amor, em meio à morte, à tristeza, a escuridão e a guerra. A vida nos campos de refugiados é muito difícil, mas também, como em qualquer outra parte do mundo, há também felicidade, amor, sonhos e esperança.
O casal conheceu Shaista quando eram voluntários em uma ONG de distribuição de alimentos. Eles foram separados pela guerra, já que o casal viveu no Irã como refugiados. No reencontro, após um novo período de convivência, veio a ideia do filme.
A história de amor é real. A resistência da família em aceitar deixá-lo se unir ao exército por medo do Talibã também. Sobre os campos de ópio, em que as famílias trabalham para cultivar papoulas para comércio de heroína, também é verdade que muitos acabam se tornando viciados na droga.
Gulistan e Elizabeth Mirzai são os primeiros afegãos a serem indicados ao Oscar. A ideia de contar a história de Shaista e Benazir surgiu depois que o rapaz os apresentou sua noiva e eles perceberam o quanto eles estavam apaixonados. A história comovente de amor os fez pensar em como seria importante apresentar ao mundo ocidental o outro lado do Afeganistão, aquele que subsiste para além da guerra.
Filme: Três Canções para Benazir
Direção: Elizabeth Mirzaei e Gulistan Mirzaei
Ano: 2021
Gênero: Documentário/Curta-metragem
Nota: 9/10