Descrito como um musical pós-moderno pelo diretor de fotografia Bill Pope, “Em Ritmo de Fuga” ocorre em um ambiente onde a música é fundamental. O protagonista, Baby (Ansel Elgort), é um jovem motorista para uma organização criminosa especializada em assaltos a bancos. Seu talento ao volante é notável, mas é quando coloca os fones de ouvido e toca seu iPod que suas habilidades realmente se destacam.
O filme apresenta uma trilha sonora rica, incluindo músicas como “Never, Never Gonna Give Ya Up” de Barry White, “Cry Baby Cry” dos Beatles e “Easy” dos Commodores. As cenas são cuidadosamente coreografadas para se alinharem com a música, criando uma dança sincronizada entre os movimentos dos personagens, as mudanças de cena, a velocidade dos carros e até o fechamento das portas. Essa integração proporciona uma experiência visual e auditiva única, elevando o conceito de entretenimento e conquistando tanto os que buscam diversão quanto os que apreciam um conteúdo mais profundo.
Ansel Elgort traz à vida um Baby introspectivo, vulnerável e sarcástico, preso em um ciclo de crimes devido a uma dívida com seu chefe, Doc (Kevin Spacey). Baby evita interações sociais, usando a direção como sua conexão com o mundo exterior, até conhecer Debora (Lily James), por quem se apaixona. Além de suas habilidades de condução, Baby possui um talento peculiar: ele mixa gravações de conversas com suas músicas favoritas, criando novas interpretações e respostas indiretas, uma forma de lidar com as adversidades.
A paixão de Baby pela música começou após um acidente na infância que lhe causou um zumbido constante nos ouvidos. A música serve para abafar esse ruído, simbolizando como a arte pode ser um refúgio contra os tormentos mentais, culpas e traumas, tornando o mundo mais suportável.
Com cenas de ação envolventes, “Em Ritmo de Fuga” evita os excessos dos blockbusters, mantendo a magia do cinema. A produção optou por não usar CGI nas cenas de velocidade, dando uma sensação de realismo e naturalidade, apesar da loucura e do perigo que apresentam.
A verdadeira beleza do filme reside em lembrar ao público o propósito essencial do cinema: diversão, arte e fantasia. Sem a pretensão dos grandes sucessos de bilheteria ou o pedantismo intelectual, ele alcança a genialidade ao satisfazer o espectador. “Em Ritmo de Fuga”, na Netflix, é agradável, sem ser cansativo, exagerado ou ridículo.
O filme foi indicado ao Oscar em três categorias técnicas: montagem, edição de som e mixagem de som. Embora não tenha vencido, enfrentou forte concorrência de “Dunkirk”, que levou os prêmios nessas categorias.
Filme: Em Ritmo de Fuga
Direção: Edgar Wright
Ano: 2017
Gênero: Ação / Musical
Nota: 10 /10