Desligue o cérebro e assista ao filme divertido e romântico na Netflix Anne Wilk / Netflix

Desligue o cérebro e assista ao filme divertido e romântico na Netflix

Algum tempo atrás, a medicina identificou que a angústia resultante de relacionamentos fracassados pode realmente se manifestar como dor física. A Síndrome de Takotsubo, também chamada de Síndrome do Coração Partido, exibe sintomas semelhantes aos de um ataque cardíaco, como dor no peito, dificuldade para respirar e fadiga. Embora rara, essa condição se manifesta em momentos de extremo estresse, afetando não apenas a saúde emocional do indivíduo, mas exigindo uma abordagem multidisciplinar até que o paciente reconheça a necessidade de reavaliar suas atitudes.

No filme “Agência do Amor”, o personagem principal é um homem profundamente amargurado, recém-saído de um relacionamento conturbado que terminou após um período de desentendimentos e agressões. A diretora Shirel Peleg, uma venezuelana radicada em Israel, ambienta sua obra na Alemanha, adaptando as situações descritas no livro homônimo de Elena-Katharina Sohn para criar uma alegoria quase poética sobre os perigos de se apaixonar. O roteiro de Sohn, Antonia Rothe-Liermann e Malte Welding destaca a paralisante tristeza desse homem, mas gradualmente guia o público para um desfecho menos sombrio, apesar do sofrimento aparentemente inevitável.

A felicidade, nesse contexto, aparece como um dos muitos riscos da vida. O protagonista luta contra mecanismos de repressão e autocensura dos quais nunca consegue se libertar; tenta superar a dureza da realidade através do poder intangível da fé; testa seus limites e se empenha em realizar mudanças, sejam elas óbvias ou profundas, das quais se sente merecedor; sempre à beira da tragédia, que silenciosamente espreita nas curvas mais sinuosas do caminho. Ele se equilibra no delicado fio que separa o caos do inferno, uma dicotomia invencível da alma humana, mediada por circunstâncias inexplicáveis que fazem com que tudo pareça um delírio imanente sobre a existência individual, curando ou envenenando conforme a forma como é absorvida.

Nas cenas iniciais, Peleg revela o mal-estar enigmático de Karl, um jornalista especializado em comportamento que, há quase um ano, rumina o fim de um relacionamento que já mostrava sinais de desgaste. Pouco antes de desaparecer de sua vida, a ex-namorada lhe confessou que o estava deixando seguindo o conselho de sua terapeuta, proprietária de uma agência de término de relacionamentos, que dá nome ao filme em sua versão mais conhecida internacionalmente.

Utilizando suas habilidades de repórter — embora enfraquecidas pela letargia —, Karl encontra essa terapeuta, desencadeando a transição para o segundo ato. Disfarçando sua recente aversão às mulheres, o desgosto profundo que sente e, principalmente, a descrença absoluta na humanidade, especialmente em questões sentimentais, Karl inicia uma investigação contra Maria, a mulher que ele culpa por arruinar sua vida.

Laurence Rupp e Rosalie Thomass protagonizam um jogo instigante de gato e rato, nascido de uma entrevista distorcida onde Karl manipula as palavras de Maria e a induz a dizer o que ele quer ouvir. Peleg conduz essa farsa por mais uma hora, focando ora na aspereza do anti-herói interpretado por Rupp, ora no romantismo sincero da anti-heroína de Thomass. Essa abordagem eficaz mantém o interesse do público em uma história já contada inúmeras vezes.


Filme: Agência do Amor 
Direção: Shirel Peleg 
Ano: 2024
Gêneros: Comédia/Romance 
Nota: 8/10