O filme sobre recomeços e redenção, na Netflix, que vai renovar suas esperanças Divulgação / Wild Bunch

O filme sobre recomeços e redenção, na Netflix, que vai renovar suas esperanças

Todos estamos sujeitos a errar e, eventualmente, cair. Com o tempo, torna-se evidente que a vida é um ciclo constante de quedas e recuperações, muitas vezes caindo mais do que pensamos suportar, mas persistindo, como se nossa sobrevivência dependesse dessa teimosia — e frequentemente depende. Há quem encare as quedas com leveza, enquanto outros precisam de tempo para reunir forças e se reerguer. Somente quem vive a experiência sabe o quanto é difícil e torce para chegar ao final do caminho. Cair não é o problema; o verdadeiro desafio é admitir a fragilidade, apesar das pressões de um mundo que não tolera fraquezas, e começar de novo, sem ilusões ou fantasias fugazes, vistas apenas por quem não nos conhece.

John Wells aborda um dos grandes dilemas humanos sem receio de ser contundente, mas sempre buscando dar ao seu filme uma leveza e sofisticação culinária. “Pegando Fogo” (2015) combina elementos difíceis, como a tentativa de redenção de um homem após um período sombrio, com o cotidiano intenso de uma cozinha de restaurante famoso, repleto de desafios. Essa habilidade de Wells em lidar com temas complexos, proporcionando diferentes perspectivas, torna o filme algo singular. O roteiro de Michael Kalesniko e Steven Knight entrelaça uma paixão não correspondida, um romance entre personalidades difíceis, e uma reviravolta discreta, mas significativa, aproveitada pelo diretor no momento certo, permitindo que cada trama se desenvolva no tempo adequado, destacando o talento do elenco.

Bradley Cooper interpreta Adam Jones, um chef talentoso forçado a deixar Paris após abusar de drogas e da paciência de traficantes perigosos, a quem deve muito dinheiro. Após um período de autoexílio na Louisiana, no sudeste dos EUA, Jones se dirige a Londres, obcecado por conquistar sua terceira estrela Michelin, um feito para qualquer chef. A interpretação de Max, antigo colega de Adam, por Riccardo Scamarcio, descreve bem essa ambição. Determinado a alcançar seu objetivo, Adam recorre a Tony Balerdi, o maître vivido por Daniel Brühl, que acredita no talento de Adam, com quem começou a carreira, mas também por razões mais pessoais, reveladas gradualmente por Brühl.

No início do filme, Adam encontra Helena, a sous chef interpretada por Sienna Miller, mas Wells prefere focar em cenas de cozinhas brilhando com aço escovado, pratos de porcelana reluzente, e ingredientes da alta gastronomia que aguçam o apetite do espectador — toques do chef Mario Batali, consultor gastronômico do filme. O envolvimento romântico entre Adam e Helena é reservado para o final, tumultuado pelo método pouco convencional de Adam em alcançar seus objetivos. Além disso, há uma ótima reviravolta envolvendo Michel, o auxiliar de cozinha vivido por Omar Sy, que traz um desempenho cativante.


Filme: Pegando Fogo
Direção: John Wells
Ano: 2015
Gêneros: Drama
Nota: 8/10

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