Considerado um dos melhores filmes já feitos, suspense angustiante e perturbador com Leonardo Di Caprio está na Netflix Divulgação / Paramount Pictures

Considerado um dos melhores filmes já feitos, suspense angustiante e perturbador com Leonardo Di Caprio está na Netflix

A abordagem tensionada e dramática proposta por Martin Scorsese em “Ilha do Medo” ecoa, de maneira notável, a trama intrincada delineada por Dennis Lehane em seu romance de 2003. Reconhecido como um dos mestres do cinema de Hollywood, especialmente nos gêneros do drama e do suspense, Scorsese não apenas mantém a essência encontrada nas páginas de Lehane, mas também a aprimora com uma estética que é ao mesmo tempo envolvente e perturbadora.

Scorsese, com sua habilidade única, mergulha nas profundezas da psique humana, explorando os cantos mais sombrios e menos gloriosos da condição humana. Em “Ilha do Medo”, ele nos confronta com a batalha perpétua contra nossa própria natureza, onde somos assombrados por inimigos internos, muitas vezes desconhecidos, que surgem nos momentos mais inoportunos.

A ambientação sombria das ilhas Boston Harbor, com seus penhascos íngremes e isolamento aparente, evoca não apenas uma sensação de solidão, mas também de punição eterna. É como se estivéssemos testemunhando a moderna versão de Sísifo, condenado a repetir eternamente uma tarefa fútil. Essa atmosfera de condenação e sacrifício permeia o filme desde sua abertura, onde somos apresentados a um preso envolto em uma serenidade artificial, em contraste com o verde exuberante do gramado, uma das poucas imagens que transmite alguma leveza neste conto sombrio, destacada pela impressionante fotografia de Robert Richardson.

O enredo nos leva a acompanhar o delegado Teddy Daniels, interpretado por Leonardo DiCaprio, em uma investigação em um complexo de celas, onde se depara com fantasmas de seu passado, especialmente os horrores da Segunda Guerra Mundial. À medida que a trama se desenrola, somos apresentados a personagens enigmáticos como Rachel Solando, interpretada por Emily Mortimer, cuja fuga da prisão levanta questões intrigantes sobre sua culpa e inocência. Os segredos que envolvem Rachel, assim como a esposa de Daniels, Dolores, interpretada por Michelle Williams, são habilmente entrelaçados pelo roteiro de Laeta Kalogridis, mantendo a audiência envolvida em um jogo de mistério e suspense.

Scorsese conduz o filme com maestria, deixando-o flutuar em um mar de incertezas até revelar os segredos por trás dos enigmas apresentados. A resolução final, revelada através de um engenhoso uso de anagramas, lança uma luz perturbadora sobre a verdade por trás das personas de Daniels, Aulen, Rachel e Dolores, mostrando como a linha entre realidade e delírio pode ser tênue e facilmente distorcida.

“Ilha do Medo”, na Netflix, não é apenas um filme de suspense, mas uma reflexão sobre os limites da sanidade e da percepção humana, onde a verdade muitas vezes se esconde nas sombras mais profundas da mente. Com sua narrativa intrincada e performances marcantes, o filme de Scorsese se destaca como uma obra-prima do cinema contemporâneo, deixando uma impressão duradoura naqueles que se aventuram em suas profundezas.


Filme: Ilha do Medo
Direção: Martin Scorsese
Ano: 2010
Gêneros: Thriller/Mistério/Drama
Nota: 9/10