Divertidíssimo e delicioso, filme com Rachel McAdams e Harrison Ford acaba de chegar à Netflix Divulgação / Goldcrest Pictures

Divertidíssimo e delicioso, filme com Rachel McAdams e Harrison Ford acaba de chegar à Netflix

Uma comédia clichê, mas adorável, “Uma Manhã Gloriosa” é o primeiro encontro entre duas estrelas veteranas dos cinemas. Harrison Ford e Diane Keaton nunca haviam se encontrado e se conhecido antes deste filme ser gravado. Que bela oportunidade de oferecer um enorme banquete de talentos para o público. Com roteiro de Aline Brosh McKenna, que assinou filmes como “O Diabo Veste Pada”, “Cruella” e “Compramos um Zoológico”, e direção do premiado cineasta Roger Mitchell, nome por trás de “Um Lugar Chamado Notting Hill”, “Amor Obsessivo” e “Venus”, o filme explora as confusões, assédios morais e carga horária excessiva que há nos bastidores dos telejornais. Mas, claro, sem problematizar. Tudo aqui é transformado em humor.

Em “Uma Manhã Gloriosa”, acompanhamos a vida da produtora de televisão Becky (Rachel McAdams), que após ser substituída por um nome mais experiente na rede em que trabalhava, consegue um novo emprego na IBS, uma renomada emissora de TV. Sua missão é reerguer um programa jornalístico matinal que está com a audiência no fundo do poço. Quando um dos apresentadores deixa o programa, Becky não tem dúvidas sobre quem planeja colocar como substituto: Mike Pomeroy (Harrison Ford). Mike é um jornalista experiente e premiado, âncora de telejornais de hard news. No entanto, não está mais no auge de sua carreira. Agora, a melhor oportunidade que lhe é oferecida é no “Manhã Gloriosa”, programa de amenidades e culinária apresentado por Colleen Peck (Diane Keaton) e que agora está sob responsabilidade de Becky.

Definitivamente, este não era o tipo de jornalismo que Mike esperava fazer, mas é o maior salário que estão oferecendo a ele no mercado, no momento. Por isso, ele aceita a oferta de apresentar ao lado de Colleen. No entanto, ele não fará isso sem dificultar a vida da companheira de bancada e, principalmente, de  Becky. Com uma lista absurda de exigências para seu camarim, Mike aparece no trabalho sempre extremamente rabugento. Isso quando não está bêbado. Ironiza as pautas que são sugeridas durante as reuniões, disputa com Colleen a despedida de cada programa e trata Becky com o mais absoluto desprezo.

Além disso, Becky tem um problema ainda maior: caso não consiga levantar a audiência em um prazo de seis semanas, o programa vai ser cancelado e ela novamente ficará desempregada. Agora, tendo que lutar contra o tempo — e contra seu âncora — ela precisa encontrar uma maneira do “Manhã Gloriosa” atrair um público maior.

Becky definitivamente é workaholic e pensa 24 horas em trabalho. Isso ainda prejudica seus relacionamentos românticos. Sempre que ela consegue um encontro com algum rapaz promissor, seu telefone não para de tocar e compromissos profissionais surgem para atrapalhar tudo. No entanto, quando ela conhece alguém de dentro da IBS, Adam (Patrick Wilson), que conhece bem o ramo jornalístico, as coisas finalmente têm chance de dar certo.  

“Uma Manhã Gloriosa”, na Netflix, não mostra praticamente nenhum alto, mas os tantos baixos que o jornalismo oferece como profissão. Salários não tão compensadores, muitas horas de trabalho, responsabilidades enormes e muita, muita pressão nos bastidores. O filme de Michell oferece todo esse cenário pessimista e obscuro da profissão com charme e humor, conseguindo dar uma suavizada na situação.


Filme: Uma Manhã Gloriosa
Direção: Roger Michell
Ano: 2010
Gênero: Comédia/Drama/Romance
Nota: 8/10

Fer Kalaoun

Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.