Declaração de voto: Beethoven prefeito!

Declaração de voto: Beethoven prefeito!

Cansado da mediocridade nas artes, na política e na vida em geral?

Já não aguenta mais ouvir falsas promessas dos candidatos eleição após eleição?

Então, dê uma chance a Beethoven.

Ele foi o filho de uma mãe tuberculosa que morreu cedo.

Ele venceu uma infância cheia de abusos por parte do seu pai alcoólatra — músico frustrado, medíocre e falido — que o espancava com frequência e obrigava-o a acordar de madrugada, desde muito pequeno, para estudar piano por horas e horas a fio.

Ele foi obrigado a abandonar a escola aos 13 anos, para trabalhar em diversos empregos e sustentar a casa, já que seu pai alcoólatra não conseguia mais emprego como músico em nenhum lugar.

Ele amava filosofia e literatura, especialmente a poesia dos grandes poetas alemães.

Ele se rebelou e desprezou os nobres da corte do tempo.

Ele tinha ataques de fúria, seguidos de momentos de profunda solidão e depressão.

Ele nunca aceitou as convenções na sociedade ou na arte. Deixou sua vasta cabeleira crescer e opôs-se ferozmente a todos os seus professores de música quando estes o censuravam por usar harmonias que, para a teoria musical da época, eram consideradas erradas, inadmissíveis.

Ele rompeu a amizade com Goethe depois do incidente em Teplice, quando o poeta curvou-se docilmente e abriu caminho para os aristocratas que transitavam pela rua, coisa que Beethoven negou-se a fazer por ter repúdio absoluto a toda forma de presunção de superioridade nobiliárquica.

Ele se considerava o “Napoleão da música”, afirmando estar acima de qualquer crítica por escrever para o futuro (a história provou que ele estava certo na sua presunção).

Ele abandonou sua simpatia de juventude por Napoleão depois que o líder militar francês se autodeclarou “Imperador da França”, tudo por considerar essa atitude napoleônica uma traição aos ideais revolucionários que defendiam a igualdade entre todos os cidadãos.

Ele rasgou a partitura da sua “Sinfonia nº 3”, a “Eroica”, que hoje é considerada a sinfonia mais importante de toda a história cultural da humanidade.

Ele escreveu cartas de amor para uma mulher, a quem alcunhou de “minha amada imortal”, que até hoje nenhum historiador conseguiu identificar.

Ele soube se reinventar como compositor e maestro quando sua brilhante carreira como pianista-concertista nas cortes europeias foi encerrada precocemente diante da surdez progressiva que o acometeu.

Ele escreveu boa parte das suas nove sinfonias quando já estava completamente surdo.

Ele escreveu 32 sonatas para piano que mudaram completamente a maneira de tocar e compor no instrumento.

Ele é considerado o “Shakespeare da música”, o “Michelangelo da composição”.

Ele foi o maior pianista não apenas do seu tempo; ele foi o maior pianista de todos os tempos.

Ele foi capaz de, surdo, reger suas sinfonias e arrancar aplausos arrebatados do público.

Ele revolucionou tudo o que fez na vida.

Só ele agora pode salvar a política da nossa cidade da mediocridade, da fealdade e da corrupção.

Vote em quem já provou que é capaz de revolucionar.

Os outros candidatos até podem ser bons, mas só ele é gênio. Só a arte dele sobreviveu aos séculos. Só ele é verdadeiramente imortal.

Vote em Ludwig van Beethoven!

Rafael Theodor Teodoro

Advogado, crítico de música e literatura.