O universo cinematográfico tem uma longa tradição de explorar as nuances do afeto humano contra o pano de fundo de conflitos bélicos significativos. Exemplo disso é o icônico “Casablanca” de 1942, dirigido pelo talentoso Michael Curtiz, que habilmente entrelaça a tensão da Segunda Guerra Mundial com uma história de amor profunda e complexa. Outro exemplo marcante é o drama “E o Vento Levou”, onde Victor Fleming explora as vicissitudes do relacionamento entre Scarlett O’Hara e Rhett Butler, interpretados magistralmente por Vivien Leigh e Clark Gable, respectivamente. Essas narrativas ricas e detalhadas, embora provenientes de uma era diferente, ainda ressoam profundamente, apesar da frenética modernidade que frequentemente nos distrai de apreciar tais histórias com a profundidade que merecem.
Em uma nota mais contemporânea, “Aliados”, dirigido por Robert Zemeckis em 2016, representa um tributo cuidadosamente orquestrado a esse gênero clássico, evitando cair na armadilha do clichê e mantendo uma originalidade que se destaca mesmo em meio à familiaridade temática. A escolha de Brad Pitt para liderar, junto com a impecável Marion Cotillard, adiciona uma camada de intriga e continuidade ao conectar este filme com outros grandes trabalhos, como “Bastardos Inglórios” de Quentin Tarantino, onde Pitt também desempenha um papel central.
O enredo de “Aliados” desenrola-se com uma mistura emocionante de suspense e romance. O personagem de Pitt, um oficial de inteligência, junta-se a Marianne Beausejour, interpretada por Cotillard, em uma missão perigosa em Casablanca. Sua relação, inicialmente marcada por uma parceria profissional sob a ameaça constante de descoberta, evolui para um vínculo mais profundo e pessoal. A história toma um rumo ainda mais dramático quando surgem suspeitas de que Beausejour possa ser uma espiã, colocando seu companheiro em uma posição insustentável de ter que confrontar a verdade sobre sua amada, um tema recorrente em histórias de amor em tempos de guerra.
Zemeckis, conhecido por sua habilidade em transcender a técnica cinematográfica tradicional para realçar a narrativa, faz uso magistral da cinematografia para alternar entre momentos de esperança e desespero. O desempenho de Cotillard é especialmente notável, trazendo uma camada de complexidade e humanidade à sua personagem que é vital para a narrativa. A combinação destes elementos resulta em uma homenagem digna ao gênero, provando mais uma vez que histórias de amor ambientadas em tempos de conflito possuem uma relevância atemporal e universal.
Filme: Aliados
Direção: Robert Zemeckis
Ano: 2016
Gêneros: Guerra/Drama/Romance
Nota: 9/10