Mosquito na madrugada incomoda. Sapato apertado também. Vizinho barulhento, vazamento no banheiro, trânsito parado e cólica menstrual incomodam muito. Mas ex indeciso incomoda mais. Toda mulher que já conviveu com um “oi, sumida” na mesma semana de um “não me procure mais” conhece a tarefa espinhosa que é lidar com esse desagradável jogo de “vai e vem”.
Tudo bem que a vida possui nuances inerentes às relações. Nenhuma decisão precisa ser sacramentada como irrevogável. Às vezes o adeus se converge em “fique aqui” e há beleza na capacidade que alguns casais têm de reorganizar mosaicos quebrados. Tem hora, porém, que ou é preto no branco ou é “tchau e bença”. Em determinado momento, o coração pede paz e é preciso expulsar do peito e do cotidiano a nebulosidade dos relacionamentos instáveis.
Residem dor e angústia na ruptura das boas parcerias, dos amores idealizados. A última coisa que a ferida de quem chora a perda precisa é de novas punhaladas deferidas em mensagens volúveis. “Saudade” e “a gente não dá certo” não podem ocupar o mesmo tempo e espaço. Pela manhã, emoji de coração; à noite, “não me ligue mais” e, nesse festival de altos e baixos, percebemos que montanha-russa só gera adrenalina nas primeiras voltas. Depois é náusea e dor de cabeça.
À certa altura, é preciso pisar em chão seguro para recuperar o fôlego e reiniciar a trajetória. O solo pantanoso das inseguranças e indecisões alheias é armadilha perigosa para quem quer seguir em frente. Para mosquitos na madrugada, use inseticida. Para ex indeciso, utilize a tecla “DEL”. Se receber um “ainda te amo” acrescido de “você não serve pra mim”, aperte o block e vá ser feliz. Há muito sol lá fora para perder tempo com quem chove e não molha.