Com Clive Owen e Rosamund Pike, filme de ação na Netflix vai te levar ao delírio Divulgação / Aviron Pictures

Com Clive Owen e Rosamund Pike, filme de ação na Netflix vai te levar ao delírio

Viver seria consideravelmente mais simples se as pessoas se dividissem em categorias nítidas de boas ou más. Entretanto, a complexidade da vida reside justamente na diversidade e ambiguidade humanas. Este é o terreno fértil que o cinema, ao longo dos anos, tem explorado para retratar personagens escorregadios, nada convencionais, perigosamente desastrados e, acima de tudo, encantadores no sentido mais transcendental da palavra. A capacidade de tocar a vulnerabilidade de alguém, não apenas pela sedução, mas como uma forma de sobrevivência, é a essência desse jogo de sombras e luzes na tela.

Andrea Di Stefano, diretor italiano, utiliza essa premissa para moldar a persona de Pete Koslow, interpretado por Joel Kinnaman, no filme “O Informante”, de 2019. Koslow, um ex-militar com dificuldade em evitar problemas, recentemente liberado da prisão, é um enigma. A dúvida paira sobre sua libertação, já que o FBI está persistentemente em seu encalço. Ele se torna a escolha número um dos federais para infiltrar-se numa operação que visa desmantelar uma rede de tráfico de drogas nos Estados Unidos.

Equilibrando-se entre dois mundos, Koslow navega entre colaborar com a polícia e liderar atividades criminosas. Sua habilidade diplomática parece ser uma estratégia dupla, permitindo-lhe lucrar com o tráfico enquanto mantém sua posição de prestígio com as autoridades. À medida que se integra ao submundo, sua personalidade multifacetada começa a se revelar.

A trama atinge seu auge quando Koslow, após uma reviravolta, retorna à prisão de forma abrupta. A entrada do detetive Grens, interpretado por Common, encarregado de investigar o ocorrido, leva a trama a uma reviravolta vertiginosa. A falta de informações sobre a justificativa de sua prisão adiciona camadas de ambiguidade ao personagem de Kinnaman, enquanto a competência de Rosamund Pike, no papel da agente Wilcox, impede que a narrativa descarrile completamente.

No desenrolar, Di Stefano resgata a questão central: a estreita linha entre criminosos, agentes da lei e a complexidade dessa relação. À medida que a trama se aproxima do desfecho, a tensão ressurge, questionando a integridade dessas facções. O informante de Kinnaman, Pete Koslow, destaca-se como uma figura moralmente mais forte, enfrentando a corrupção de ambos os lados.

O diretor opta por concluir o filme em meio a uma atmosfera de ação intensa, destacando uma tentativa de fuga que, embora não transforme totalmente o suspense, alivia a escuridão da narrativa. Em “O Informante”, que está na Netflix, Di Stefano opta por uma abordagem que transita entre a ação e a tensão, proporcionando uma experiência cinematográfica que desafia os clichês. A resiliência inabalável de Pete Koslow persiste até o fim, um contraponto vital à letargia que envolve outros personagens após a resolução dos conflitos. A narrativa, ao se despedir, deixa a sensação de que a verdade revelada, seja para o bem ou para o mal, é uma busca incessante em um thriller que, por vezes, desejaríamos que se revelasse mais.


Filme: O Informante
Direção: Andrea Di Stefano
Ano: 2019
Gêneros: Thriller/Ação
Nota: 8/10