Filme canadense dirigido por Matt Johnson, “Blackberry” narra a ascensão e glória do primeiro smartphone até sua queda, engolido pelo monstro chamado iPhone. Como uma típica cinebiografia que exalta o capitalismo, o longa-metragem narra como um grupo de nerds de garagem se transformou em uma das maiores empresas de tecnologia do planeta. Jay Baruchel é Mike Lazaridis, a mente que idealizou levar toda a funcionalidade de um computador para dentro de um aparelho celular. Até meados da década de 1990, seu sócio era Doug Fregin (Matt Johnson), também amigo de infância. Juntos, eles não conseguiam vender suas invenções por mais promissoras que fossem, até a chegada do empresário Jim Balsillie (Glenn Howerton), que mudou os rumos da Research In Motion (RIM), que mais tarde passou a se chamar BlackBerry.
Embora Jim não tivesse especialização em tecnologia, ele tinha título em Comércio pela Trinity College, da Universidade de Toronto, e MBA pela Harvard Business School, o que o gabaritou para transformar o fiasco da RIM em uma potência mundial e uma pioneira no mercado de smartphones. De forma mais clara, eles descobriram como conectar milhões de pessoas à rede por meio de um aparelho que cabe na palma da mão. Também foram eles que criaram as trocas de mensagens ilimitadas e gratuitas por celular usando a rede, extinguindo os conhecidos “torpedos”.
Mas não se deixe enganar quando nos primeiros minutos de filme você se deparar com personagens caricatos com perucas mal-feitas e maquiagens dignas de “Jack Ass”. “BlackBerry” tem muito mais potencial do que sua primeira impressão causa. O enredo é frenético sem precisar de nenhuma cena de ação. A tensão toma conta da tela, enquanto ouvimos Jim Balsillie gritar histericamente e quebrar aparelhos telefônicos a todo momento. Ficamos desesperados quando vemos Mike Lazaridis baixar a cabeça e suspirar, porque sabemos que ele é o solucionador dos problemas tecnológicos. Então, se ele não consegue resolver, alguém mais conseguiria? Durante um tempo, ele parece soberano, mas a resposta é: sim. Steve Jobs e sua equipe da Apple estão prestes a extinguir Lazaridis, Balsillie e Fregin com resquícios de crueldade.
É interessante como o filme mostra as estratégias de bastidores de Balsillie para mudar o estilo “The Office” da RIM de trabalhar e a transformar em uma empresa séria e produtiva. Além disso, o filme mostra as angustiantes negociações que transformaram a BlackBerry em um sucesso e depois em um fracasso. Ainda, todo o desespero de bastidores com a chegada dos aparelhos iPhone, que simplesmente revolucionou o mercado com o touchscreen. Bastou a primeira apresentação de Steve Jobs de seu aparelho para que os integrantes da BlackBerry começassem a correr desesperados por todos os lados como baratas tontas.
O ditado diz que quanto mais alto o voo maior o tombo. Bem, para a BlackBerry foi bem isso. E no filme de Matt Johnson, que está no Prime Video, isso é muito bem contado, porque a as atuações estão extraordinárias e o enredo é intrigante e envolvente o bastante para nos manter amarrados na tela.
Filme: BlackBerry
Direção: Matt Johnson
Ano: 2023
Gênero: Biografia/Comédia/Drama
Nota: 10